Saturday, March 31, 2007

Henri Salvador - Dans Mon Ile


Voces se lembram dessa música na voz de Caetano Veloso?
Essa é a versão original com Henri Salvador, cantor francês nascido na Guiana Francesa.

Bon weekend!

Friday, March 30, 2007


200 anos

Este mês a Inglaterra está celebrando os 200 anos da proibição do comércio de escravos pelo Império Britânico. Acredita-se que esse evento foi o ponto de partida para a abolição da escravidão em todo o mundo.

Numa entrevista à BBC Brasil, a ministra Matilde Ribeiro, titular da Secretaria Especial de Política da Promoção da Igualdade Racial (Seppir), afirmou que considera natural a discriminação dos negros contra os brancos. Segundo ela, “quem foi açoitado a vida inteira não tem obrigação nenhuma de gostar de quem o açoitou.” O comentário da ministra gerou muita polêmica e provocou uma forte reação porque vai contra à noção de que no Brasil negros e brancos convivem harmoniosamente. Segundo o antropólogo João Batista Borges Pereira, professor de Antropologia da Universidade de São Paulo e o Mackienzie, em entrevista à BBC, mesmo dentro do movimento negro existe um discurso cauteloso que não expressa “uma retórica racista de agressão ao branco.”

A declaração da ministra foi em resposta a seguinte pergunta:

BBC Brasil - E no Brasil tem racismo também de negro contra branco, como nos Estados Unidos?

Matilde Ribeiro - Eu acho natural que tenha. Mas não é na mesma dimensão que nos Estados Unidos. Não é racismo quando um negro se insurge contra um branco. Racismo é quando uma maioria econômica, política ou numérica coíbe ou veta direitos de outros. A reação de um negro de não querer conviver com um branco, ou não gostar de um branco, eu acho uma reação natural, embora eu não esteja incitando isso. Não acho que seja uma coisa boa. Mas é natural que aconteça, porque quem foi açoitado a vida inteira não tem obrigação de gostar de quem o açoitou.

Concordo com a definição de racismo proposta pela ministra no que diz respeito ao racismo institucionalizado. Na minha opinião, o racismo a nível institucional e o racismo a nível das relações inter-pessoais são duas coisas distintas, embora uma não exclua a outra. Eu diria que é compreensível que devido à discriminação que as comunidades negras têm sofrido no Brasil, alguns negros não queiram se associar com brancos. Mas isso não quer dizer que esse tipo de reação é “natural,” pois dizer que é natural é uma maneira de justificar esse comportamento.

Esse tipo de comentário, na minha opinião, é perigoso. Isso me lembra muito a retória que eu ouço em certos círculos aqui nos Estados Unidos. Eu não acho uma boa idéia “importar” a ideologia do movimento negro americano e transplantá-la para o Brasil sem se levar em conta as diferenças sociais e históricas entre os dois paises.

Esse comentário da ministra me lembrou de uma conferência que eu participei sobre racismo e educação. A pessoa que estava conduzindo uma oficina sobre racismo disse exatamente o que a ministra falou acima, ou seja, racismo somente ocorre quando uma maioria econômica, política ou númerica limita os direitos de outros grupos. Na opinião dele, se uma pessoa de um grupo oprimido insulta membros de um outro grupo, oprimido ou não, isso não é racismo, é puro preconceito.

Uma vez eu estava em um café com os meus filhos, quando um homem chegou perto da nossa mesa e disse: you, f*** Mexicans.” Uma outra vez, eu estava dirigindo, quando um carro atravessou o sinal na minha frente quase causando um acidente. O motorista saiu do carro e gritou: “You, f*** immigrant.” As pessoas envolvidas nesses incidentes eram afro-americanas.

No primeiro incidente, eu fiz questão absoluta de frisar para os meus filhos que aquela pessoa tinha problemas e que aquele tipo de reação não tinha nada a ver com a cor da pele dele. Era óbvio que se tratava de algúem com problemas sérios, talvez até homeless. Foi muito importante fazer essa distinção e atribuir aquela remarca infeliz somente a quem a proferiu ao invés de extendê-la a outros membros daquele grupo, o que geralmente acaba acontecendo nesse tipo de situação. É esse tipo de cenário que continua alimentando o racismo. Eu vejo o racismo aqui entre todos os grupos, não só por parte de brancos contra os negros. O racismo também está presente entre latinos contra os negros e vice-versa, brasileiros contra latinos e negros, negros contra brancos, asiáticos e latinos, e por aí vai.

Mas de acordo com o palestrante, isso não foi racismo porque essas pessoas não tinham nenhum poder sobre a minha vida, como no caso de instituições ou empresas que limitam as oportunidades das minorias. Para mim, isso é racismo, sim. Agora, é claro que existe uma diferença entre o racismo institucionalizado e as expressões racistas que acontecem todos os dias entre todos os grupos. O perigo desse tipo de definição é que ela perpetua uma cultura de divisão, de nós contra eles, de vítimas e algozes. Usar uma outra palavra para descrever o que eu experenciei é de certa forma minimizar e absolver o comportamento das pessoas envolvidas porque afinal, elas faziam parte de um grupo que tem sido historicamente marginalizado. Essa linha de raciocínio gera por um lado uma cultura de vitimização entre os grupos oprimidos e por outro, no caso dos brancos aqui nos Estados Unidos, uma culpa paralizante. Insultos preconceituosos e racistas ou qualquer tipo de discriminação nunca devem ser tolerados venham de onde vir. A história de opressão de um grupo não pode ser usada para justificar esse tipo de atitude. Eu acho que a transformação só pode começar a partir de um diálogo franco que busque ir além do tom acusatório e em que ambas as partes assumam a sua parcela de responsabilidade.

Para ler as matérias na íntegra visitem os links abaixo:

Não é racismo se insurgir contra o branco, diz ministra
Polêmica racial desmascara ilusão de harmonia, diz antropólogo.
Escravidão - especial

BBC Forum


Thursday, March 29, 2007


Papel ou plástico?


A cidade de San Francisco aprovou nessa última terça-feira uma lei que proibirá o uso de sacolas plásticas em supermercados grandes, tornando-se a primeira cidade nos Estados Unidos a abolir o uso dessas sacolas. Os supermercados têm seis meses para cumprir a lei e as farmácias - que aqui vendem de tudo um pouco, não só remédios - tem o prazo de um ano. De agora em diante, os supermercados terão como opção o uso de sacolas biodegradáveis feitas de maizena ou sacolas de papel reciclado.

As sacolas plásticas começaram a ser usadas nos Estados Unidos há 50 anos, inicialmente como um saquinho para sanduíches e como uma alternativa para os sacos de papel. No momento, 180 milhões de sacolas plásticas são distruibuídas anualmente na cidade de San Francisco. As sacolas são difícies de reciclar e muitas vezes acabam nas águas dos rios e do mar, matando animais marinhos.

O Departamento do Meio-Ambiente de San Francisco e o Worldwatch Institute (O Observador do Mundo), estima que de 4 a 5 trilhões de sacolas plásticas são usadas pelo mundo anualmente. São necessários 430 mil galões de petróleo para a produção de 100 milhões de sacolas plásticas.

Então, da próxima vez que você for ao supermercado, lembre-se de trazer uma sacola de casa. Minha mãe sempre saía de sacola em punho quando ia ao supermercado ou à feira. Estou tentando viver o exemplo dela.

Fonte: San Francisco Chronicle
Fotos: Google images


Wednesday, March 28, 2007



Kala Ramnath

Kala Ramnath começou a tocar violino aos três anos de idade. Eu queria ter incluido essas fotos no post abaixo, mas não consegui. Vale a pena visitar a website dela.

Fotos: Kala Ramnath aos três anos e atualmente, da website da artista.

A cidade de Pleasanton apresenta:
Uma conversa global – Jazz Fusion

... e mais uma janela se abre

Se prestarmos bem a atenção, a vida sempre encontra uma forma de nos colocar cara a cara com as nossas limitações e nossos preconceitos. Sempre que isso acontece há uma janela de oportunidade que se abre. E é assim que eu vou aprendendo pela vida afora.

No domingo, fui à um show numa cidade a 40 minutos de distância daqui. O nome da cidade é Pleasanton. Pleasanton é um subúrbio.

Para os que nunca estiveram em um subúrbio americano, encontrei essa definição na wikipédia:

Subúrbio (palavra aportuguesada do inglês suburb, literalmente sub-cidade) é um termo utilizado para designar as áreas circunscritas às áreas centrais de um dado aglomerado urbano, seja ele um municípios, distritos ou outra qualquer instância política; porém, este termo é mais usual quando refere-se ao município, e também para descrever cidades circunscritas a um núcleo metropolitano central. Eventualmente pode ser considerado sinônimo de periferia urbana, embora tal definição encontre alguma polêmica nos estudos de urbanismo e planejamento urbano.

Nos países de língua inglesa, primariamente nos Estados Unidos da América e no Canadá, um subúrbio é um núcleo urbano localizado nos arredores de um núcleo metropolitano central, onde geralmente vivem famílias de classe média ou alta, com variáveis índices de qualidade de vida e segurança mas em geral maiores que os das áreas residenciais centrais. Em geral, caracterizam-se como áreas de baixa densidade populacional, e habitação baseada em tipologias arquitetônicas de baixo gabarito (normalmente casas unifamiliares ao invés de edifícios multifamiliares) e com baixo coeficiente de aproveitamento dos terrenos (i.e., normalmente as edificações localizam-se isoladas em meio aos seus lotes amplos). Recentemente, porém, diversas destas cidades passaram a industrializar-se rapidamente, como Mississauga (subúrbio de Toronto), Laval (subúrbio de Montreal) e Long Beach (subúrbio de Los Angeles).

Nos Estados Unidos, a partir da década de 1950 até os dias atuais, grandes números de habitantes das classes média e alta da maioria dos grandes núcleos metropolitanos dos Estados Unidos passaram a migrar dos núcleos metropolitanos para os subúrbios, em busca de segurança. Como consequência, a população de diversos núcleos metropolitanos passou a cair drasticamente e a ser composta primariamente pela população de mais baixa renda. Desta forma, constituíram-se verdadeiros guetos urbanos em meio aos distritos centrais, como Baltimore, Atlanta e especialmente em Detroit.

A grande maioria das grandes e médias regiões metropolitanas americanas possuem subúrbios ricos, bem como diversas cidades localizados em países de língua inglesa, embora subúrbios pobres também existam nestes países. O termo suburbia, nos países de língua inglesa, se refere ainda a um estilo de vida tipicamente monótono, fútil e consumista.

Nunca morei num subúrbio. Sou uma pessoa super urbana e adoro ver pessoas caminhando nas ruas. Nos subúrbios daqui as pessoas geralmente dirigem para todo lado. As lojas, livrarias, restaurantes estão sempre concentrandos num strip mall, uma área onde todo o comércio se reúne. A grande maioria de lojas, livrarias e restaurantes fazem parte de uma rede como Starbucks, McDonald, Barnes&Noble, Old Navy, etc. De certa forma é prático porque tudo está ali, no mesmo lugar. Por outro lado, as cidades perdem o seu carater, a sua personalidade porque cada strip mall é praticamente idêntico ao próximo.

Demograficamente, os subúrbios são bem homogêneos. A maioria da população é “branca” e de classe média alta. No caso de Pleasanton, por exemplo, 91% da população é “branca.” As escolas públicas geralmente têm uma reputação excelente em termos acadêmicos mas não existe diversidade. Alguns surbúbios foram construídos recentemente. Nesse caso as casas são muito parecidas umas às outras e há muitas mcmansions, termo usado para descrever casas enormes e pretenciosas que tentam projetar uma ilusão de uma mansão tradicional, mas na verdade não passam de mais uma produção em massa.

Bom, agora que já admiti o meu preconceito contra os subúrbios vem a surpresa. Desde de junho do ano passado até junho desse ano, a cidade de Pleasanton está dedicando o ano com eventos para celebrar as contribuições da comunidade indiana na área e no estado da Califórnia. Alguns dos eventos incluiu uma mostra de comidas indianas, foruns de discussão sobre a situação das mulheres indianas morando nos E.U.A. e sobre a experiência de jovens biculturais, música da Índia e colaborações entre artistas indianos e músicos ocidentais. O evento culminará com uma apresentção de danças indianas.

A banda que eu fui ver toca uma fusão de jazz com música clássica indiana. A banda era multinacional: na bateria, Celso Alberti (Brasil); no contrabaixo, Kai Eckhardt (Alemanha/Libéria); na tabla, Salar Nader (Alemanha/Afganistão/E.U.A.); no violino, Kala Ramnath (Índia); no saxofone, George Brooks (E.U.A.); e no piano, Frank Martin (E.U.A.). O show foi recebido com o maior carinho e respeito pela audiência.

A gente nunca sabe o que pode acontecer quando abrimos as nossas janelas.

Fotos: Kala Ramnath aos três anos e atualmente, da website da artista.


A qualidade do vídeo abaixo não é das melhores, mas dá para ter uma idéia de como foi o show.


Tuesday, March 27, 2007

Basta adicionar gelo

Clique na foto para ampliá-la.

Help end global warming
Add ice

SEVDKA GRL

Ajude a acabar com o aquecimento global
Adicione gelo
SEVDKA GRL ( abreviatura para Girl)


Era só o que me faltava!
They really have a nerve!

Não sei se é falta de imaginação ou pura falta de ética ou se a intenção é provocar uma reação como a minha. De qualquer maneira, é de extremo mal gosto.

Essa foi uma das fotos que tirei enquanto estava dirigindo de volta para a casa ontem, pouco antes de entrar na Bay Bridge em direção à Berkeley. A paisagem de San Francisco vista da freeway é cheia desses billboards enormes. São tantos que até chegam a distrair quem está dirigindo.

Outro que me chamou a atenção foram os billboards da GAP com modelos esqueléticas que dizia: The boyfriend trouser (A calça do namorado). Magras daquele jeito e com as roupas enormes, elas pareciam espantalhos.

Da próxima vez que se encontrarem em um engarrafamento, não se esqueçam de tirar umas fotos. Ajuda a passar o tempo.:-)

Monday, March 26, 2007


Freud explica...

Hoje meu marido foi até o aeroporto internacional de San Francisco para pegar um vôo para Amsterdam via Londres, quando se deu conta que tinha esquecido o passaporte e o green card, sem o qual não poderia regressar ao país. Ele me telefonou desesperado por volta das 5:00 da tarde para ver se eu podia levar os documentos até o aeroporto. A hora do rush aqui é quase tão ruím quanto em São Paulo. A Bay Bridge, a ponte que conecta Berkeley à San Francisco, fica congestionada e a fila de carros move à passo de tartaruga. Ainda assim, consegui chegar no aeroporto às 6:20. A companhia área tinha dado um prazo para ele até às 6:30.

Ele está cansado de tanto viajar, enquanto que eu estou cansada de tanto ficar em casa. Essa não é a primeira vez que ele esquece algo importante. É uma maneira insconsciente dele dizer que não quer viajar tanto, que não quer deixar a família. É muito doce.

Entreguei o passaporte dele e brinquei sobre o freudian slip ou o ato falho. Eu disse em português:

- Freud explica!

Ele não entendeu e me olhou perplexo. O bom de ser casada com estrangeiro é que mesmo depois de dezoito anos até algumas frases totalmente banais para um casal que fala o mesmo idioma ainda tem um toque de mistério.

Foto: Bay Bridge e aeroporto de SF.

O trânsito estava tão lento que eu consegui tirar uma porção de fotos da cidade enquanto estava dirigindo. Amanhã eu publico e responto aos comentários abaixo. Aqui já passa da meia noite...


Saturday, March 24, 2007


Dance till the morning sun

É o que eu vou fazer…(já fiz) Ok, não vou dançar até o sol nascer porque aqui não é São Paulo e nada fica aberto à noite toda. Só dá pra dançar até às 12:30, mas já ajuda. Que saudades da boemia paulistana!

Adoro Berkeley! O único problema é que tudo fecha muito cedo, para padrões paulistanos e reginescos, of course. Os restaurantes fecham às 10:00 da noite, mesmo nos finais de semana. Nosso ritual de sexta-feira à noite involve uma parada no Chaat Café, um restaurante indiano simpático. Sou uma criatura de hábito, acabo sempre pedindo a mesma coisa: rice biriany, tadoori chichen tikka e mango lassi. Depois vamos dançar no Dance Jam, onde se encontra de tudo em termos da fauna humana.

É a melhor barganha da cidade. Você pode dançar em dois salões diferentes pelo preço de um. Você pode escolher entre o Hot Room, onde a música é mais uptempo ou o Warm Room que toca música mais viajante. Os salões são grandes com o chão de madeira e trapézios coloridos no teto. Nesse espaço há também aulas de circo e outras oficinas de arte. Em uma delas, há um lugar onde se ensina a fazer vidro. Vi fotos de pessoas assoprando essas bolhas de vidro incandescentes.

O Dance Jam não é um clube. Lá não se vende comida nem bebida. As pessoas vêm com a única intenção de dançar. Alguns são adeptos de um estilo de dança chamado “contact improvisação.” Mas maioria das pessoas faz o que quer, até yoga. Tem gente antenada, gente com solidão nos olhos, gente que quer conectar, gente que quer se desligar, gente que só está lá para viajar.

Num determinado momento, eu sentei no chão num almofadão e fiquei observando a diversidade das pessoas que estavam lá. Alguns se movimentando com elegância e leveza, outros completamente fora do ritmo, mas com um sorriso no rosto. Fiquei pensando como todos aqueles corpos eram perfeitos na sua imperfeição, na sua singularidade.

Hoje eu estava ouvindo essa música da banda Brazilian Girls, que de Brazilian não tem nada, enquanto estava dirigindo.

Ouvi Burnout da banda inglesa Cinematic Orchestra no Warm Room.

Foto: Jim Benson


Dance Till The Morning Sun by Brazilian Girls Burnout by Cinematic Orchestra

Friday, March 23, 2007

R.E.M.
EVERYBODY HURTS



FURRY HAPPY MONSTERS



BOM FIM DE SEMANA!

Thursday, March 22, 2007


Dia Mundial das Águas

A ONU designou 22 de março como Dia Internacional da Água com o intuito de sensibilizar a população mundial para a necessidade de conservação dos recursos hídricos e à disparidade entre os paises industrializados e os paises pobres.
* 1 bilhão de pessoas no mundo não tem acesso à água potável e mais de 2 bilhões vivem em condições sanitárias precárias ou inexistente.
* Em pleno século XXI, 5.000 crianças morrem diariamente por falta de água potável.
* Um inglês típico manda 50 litros de água descarga abaixo diariamente – dez vezes o que muitos africanos têm para beber ou lavar.
* Para cada seis pessoas no mundo, uma não tem acesso à água potável e três não tem acesso ao sistema de esgotos.
* Um europeu típico usa 200 litros de água por dia comparado a menos de 20 por pessoa por dia na África (os americanos usam 400 litros).
* 1.800 crianças com menos de cinco anos de idade morrem a cada ano vítimas de diarréia causada por água contaminada.
* Para cada $1 gasto na construção de esgotos economiza-se $8 de produtividade perdida.
* Os 10 bilhões que o program Millennium Development Goal (Meta para o desenvolvimento do milênio) precisa para proporcionar água potável para a metade das pessoas que necessitam equivale à apenas cinco dias de gastos militares a nível global.

Fonte: The Independent

Photo: Google Images


Contra a discriminação II

Li com curiosidade e interesse todos os comentários que recebi no post abaixo sobre discriminação racial. Resolvi concentrar o meu post sobre discriminação racial porque inicialmente foi esse o intento da ONU quando decidiu designar essa data para marcar um protesto que ocorreu na África do Sul em 1960 no qual 69 morreram e mais de cem ficaram feridos. Também acompanhei o quanto pude o que outros blogueiros escreveram a respeito.

Foi bom ver tantas pessoas inteligentes e engajadas expressando suas opiniões. A minha impressão foi que há um consenso geral que a discriminação, seja ela qual for, é um crime.

Eu decidi explorar a questão do privilégio porque acredito que é muito mais difícil para nós examinarmos os diversos níveis de privilégio que desfrutamos que apontar as injustiças sofridas por outros grupos. Creio que isso coloca as pessoas numa posição incomôda porque ninguém quer ser taxado de racista ou se sentir culpado por algo que não temos nenhuma escolha, como a cor da pele.

No entanto, eu acho imperativo que as pessoas reconheçam os seus “privilégios.” Na minha opinião, não reconhecê-los de certa forma legitimiza a posição do privilegiado como algo natural e neutro, e assim sendo nos isenta de qualquer responsabilidade. De certa forma, o privilégio passa a ser visto como uma coisa normal que não precisa ser questionada.

Concordo com quem diz que raça só existe uma, a humana, como algumas pessoas disseram nos comentários abaixo. Acredito que essa seja uma posição ética, moral, nobre e ideal. No entanto, alguém só pode ignorar “raça” quando está não lhe afeta. Para aqueles que ouvem piadas racistas, que são tratados de maneira diferente por causa da cor da sua pele, que têm seu acesso barrado em prédios, universidades e emprego, “raça” é uma realidade concreta que não vai desaparecer porque acreditamos estar acima dessa mesquinharia. Quando a minha filha chega da escola aos quatro anos de idade e me diz que uma amiguinha disse que a cor da pele dela é “marrom como a lama” enquanto que a dela é rosada como uma pétala de rosa, dizer que só existe uma “raça,” a raça humana, simplesmente não cola. Esse tipo de comentário, embora sincero e bem intencionado, a meu ver minimiza a questao do racismo e contribui para o mito de que no Brasil existe a “democracia racial.” Basta ver as condições sociais da maioria da população afro-descendente no Brasil, a falta de representação na política, nos meios de comunicação, nas universidades para sabermos que nossa misceginação harmoniosa não passa de cartão postal.

Outro elemento comum que encontro nesse tipo de discussão é a comparação entre os Estados Unidos e o Brasil e como o racismo é infinitamente pior aqui que no Brasil. É claro que os Estados Unidos tem uma história brutal e recente no que diz respeito ao racismo. No Brasil nunca houve linchamentos, pelos menos não eram sistematicamente apoioados pelo Estado como nos E.U.A. O Brasil também não teve de lidar com leis que pregavam a segregação nas escolas ou condenavam o casamento interacial. Mas o movimento negro nesse país tem uma longa tradição de luta pelos direitos civis. Embora o racismo aqui esteja alive and well já se pode falar numa classe média afro-americana e eu garanto que o número de afro-americanos nas universidades daqui proporcionalmente em relação ao resto a população é maior do que o que vemos no Brasil. É verdade que aqui as comunidades são segregadas e as consequências econômicas geradas pelo racismo são óbvias.

Entretanto, o mesmo acontece no Brasil, mas pouca gente tem coragem de desbancar o mito. É bonito exaltar a nossa “mistura de raças” e a imagem de todo mundo vivendo junto em harmonia até que sua filha decida se casar com um “negão.” Estou falando de experiência própria, quando aos 17 anos me apaixonei por um homem negro e a minha mãe não entendia como “isso podia ter acontecido,” embora ela nunca tivesse me dito que eu não deveria ter amizade ou brincar com crianças negras. Imagino que como muitos brasileiros, ela provavelmente também teria dito: “não sou racista, tenho até amigos negros,” sem se dar conta de como esse comentário em si já é racista. Ainda bem que as pessoas mudam e quando chegou a vez do meu afro-deustche ela já tinha “aprendido.”

Voltando aos privilégios, quero aqui humildemente reconhecer os meus: sou brasileira-latina-imigrante-multiracial, mas tenho a pele morena e falo inglês muito bem; tenho curso universitário; morro em um bairro seguro onde não ouço tiroteio à noite (isso também acontece em país rico); sou heterosexual, o que significa que pude me casar com a pessoa que eu amo e posso andar de mãos dadas em público sem medo de ser agredida; não sou soro positivo ou portadora de nenhuma deficiência; faço parte da classe média (ainda que arranhando) e tenho banda larga.:-)

Então, acho que reconhecermos o nosso próprio privilégio já é um primeiro passo. Não se trata de apontar o dedo acusatório para o nariz de ninguém. Trata-se somente de assumirmos a nossa parcela de participação, voluntária ou não, nesse processo. Com o reconhecimento, acredito nasce a empatia e por fim solidariedade e irmandade.

PS: Como já disse o Lino na caixinha aí embaixo até WASP (White Anglo Saxon Protestant) e republicano pode sofrer discriminação. Well, everybody hurts, sometimes!

Brincadeiras à parte, ninguém deve ser discriminado. Em nome da diversidade que eu tanto aprecio, nem mesmo os republicanos.

Wednesday, March 21, 2007


Contra a discriminação I
A mochila do privilégio branco

Raça não passa de uma construção social que tem a ver com o contexto social, histórico e político de cada país. No entanto, nos Estados Unidos, no Brasil ou em qualquer outro lugar quanto mais escura a pele maior a possibilidade de alguém sofrer discriminação.

No Brasil, eu sou considerada branca, embora a minha aparência revele mais que a minha ascedência portuguesa. Nos Estados Unidos, eu sou vista como hispânica, termo que eu rejeito por ter uma conotação conservadora e erronea no que se refere a brasileiros. Hispânicos é um termo que só existe no contexto americano e tem mais a ver com etnia, colonização e idioma. Eu prefiro o termo Latina e para mim, adotá-lo como parte da minha identidade é um ato político em solidariedade com outros imigrantes da América Latina. Outro termo usado aqui para pessoas que não são de descendência européia ou são pessoas multiraciais é person of color (pessoa de cor) ou people of color (povos de cor), termo que eu também adotei como parte da minha identidade como imigrante. Esse termo é usado em círculos progressistas na tentativa de estabelecer alianças entre grupos que sofrem tipos semelhantes de opressão. Obviamente, ser brasileira faz parte da minha identidade, mas não é o que me define como um todo.

Minha identidade racial está em perpétuo fluxo, dependendo se estou aqui ou no Brasil.

Uma coisa que aprendi navegando entre esses dois contextos, o brasileiro e o americano, é o privilégio que a pele clara confere. As pessoas brancas ou as pessoas mutiraciais de pele mais clara podem escolher ignorar a questão racial por completo porque esta não lhes afeta diretamente ou não lhes afeta com a mesma intensidade. Como diz o ditado, pimenta nos olhos dos outros é refresco e quem se atreve a reclamar de racismo é porque é muito melindroso ou não tem senso de humor.

Mas uma vez no Estados Unidos, brasileiro, branco ou não, vira Latino. Eu acho que essa é uma experiência que iria benificiar muitos dos meus compatriotas, especialmente aqueles que nunca tiveram de lidar com preconceito no Brasil.

Para finalizar, Peggy McIntosh que é uma crítica feminista e professora universitária (caucasiana ou branca) tentou desmascarar os privilégios que a maioria dos brancos tem e assume como naturais num artigo entitulado “White Privilege: Unpacking the Invisible Knapsack” (Privilégio Branco: Desfazendo a Mochila Invisível). O artigo orginal conta com uma lista de pelo menos 50 “privilégios” que são tidos como naturais para pessoas brancas. Eu traduzi dez mas você pode acessar a lista completa no link acima (em inglês).

1) Se eu tiver que me mudar posso estar segura que vou conseguir alugar ou comprar uma casa numa área que eu tenha condições de pagar e onde eu queira morar.

2) Poderei estar segura que os meus vizinhos agirão de maneira neutra ou amigável em relação a minha pessoa.

3) Posso fazer compras sozinha em qualquer lugar e estar segura que ninguém estará me seguindo ou perturbando.

4) Posso ligar a televisão ou abrir o jornal e ver pessoas da minha raça bem representadas.

5) Quando falam sobre a nosso patrimônio nacional e sobre “civilização” mostram o quê as pessoas da minha raça alcançaram.

6) Estou segura que os meus filhos estudarão um currículo que reflete a existência da raça deles.

7) Se eu usar cheques, cartão de crédito ou dinheiro tenho certeza que a cor da minha pele não sera associada à irresponsabilidade financeira.

8) Eu não tenho que educar os meus filhos para estarem alertas ao perigos do racismo para que eles possam se proteger.

9) Eu não tenho que me preocupar com a atitute de professores e outras pessoas em relação à raça dos meus filhos.

10) Estou segura que se eu pedir para falar com uma autoridade estarei falando com uma pessoa da minha raça.

Uma vez eu fui à uma conferência sobre diversidade e educação e um dos exercícios involvia a lista de privilégios descritos pela Peggy McIntosh. Numa escala de 1 a 5 tínhamos que responder se a situação correspondia à nossa realidade (1), se era o caso somente às vezes (3) ou se nunca era o caso(5). Depois as pessoas foram agrupadas de acordo com as respostas. O resultado, embora previsível, foi impressionante: quanto mais escura a pele maior o número de respostas altas na escala.

Este post faz parte da blogagem coletiva convocada pelo Lino contra a Discriminação Racial e todo tipo de discriminação.

PS: Essa é a segunda versão desse post. A primeira foi escrita às duas da manhã e necessitava algumas correções. Mas o conteúdo está praticamente intacto.

Saturday, March 17, 2007

Happy Birthday, Danilo!

Meu menino fez onze anos hoje. Ele nasceu às 10:10 da manhã, num domingo ensolarado ao som de jazz. Hoje, 17 de março, é também o dia de Saint Patrick, padroeiro dos irlandeses e celebrado nos Estados Unidos com paradas enfeitadas de verde, fanfarras e festas. A enfermeira até sugeriu que o nome dele devia ser Patrick.

Eu não descobri se o bebê era menino ou menina durante a gravidez. Na hora da ultrasonografia ele nos pregou uma peça e cruzou as perninhas. Eu havia me convencido que o bebê era menina. A possibilidade ainda que remota de ter um menino me apavorava. Eu fui criada só com uma irmã e tinha medo de não saber lidar com aquela “energia masculina.” Estar grávida me fez sentir vulnerável e à mercê da sorte. Os meus fantasmas passados oriundos de experiências ruins que eu tive com homens vieram me visitar. E nem o fato de eu estar casada com um homem maravilhoso pode aplacar esse meu medo.

Durante a fase final da gravidez eu comecei a ter sintomas de pré-eclampsia, especialmente a pressão altíssima. Não há cura para pré-eclampsia. A única maneira de reverter os sintomas é através do nascimento do bebê. Por isso, os médicos decidiram induzir o meu parto. Eles começaram com a indução numa quinta-feira de manhã e o meu filho não nasceu até o domingo. Foram horas longas da dor mais intensa que eu já experenciei. Num determinado momento, eu falei dos meus receios com uma das parteiras e ela me disse: “boys are not born like thirty-year-men.” “Meninos não nascem como homens de trinta anos,” em outras palavras, ninguém é cafajeste de nascimento.

Ser mãe de um menino, desse menino, tem sido uma benção, a healing experience. A sua doçura, inocência, gentileza, inteligência e compaixão têm me ajudado a cicatrizar feridas antigas e profundas. Ser mãe tem me dado a chance de reviver e reinventar a minha própria infância, de apreciar detalhes ao meu redor que antes me passavam desapercebidos e de ter esperança que as coisas podem ser diferentes. Estou finalmente aprendendo a separar a minha dor e a minha experiência da dos meus filhos. Outra vida, outra histórias, outras memórias…

Fotos: Danilo aos 11, na primeira semana, aos 2, aos 5 e aos 7 anos de idade.

Thursday, March 15, 2007

"Despite all the rhetoric about being family-friendly, we have structured a society that is decidedly unfriendly... What's missing now is a movement. What's missing now is an organization. That's why MomsRising is so important."
Senator Barack Obama, 9/28/06

Apesar de toda retórica que diz que nós somos, nós estruturamos uma sociedade que é decididamente o oposto… O que está faltando agora é um movimento. O que está faltando agora é uma organização. É por isso que MomsRising é tão importante.”
Senador Barack Obama, 28/09/06

Quando o então presidente Clinton aprovou a lei autorizando a licença maternidade (que na verdade também incluia licença para cuidar de familiares doentes) em 1993 muita gente comemorou. Eu fiquei chocada ao descobrir que a licença maternidade não era remunerada!

Além do mais, o tempo que a mulher tem direito a ficar afastada, embora a lei sugira 12 semanas, também pode depender do empregador. Bom, a menos que a mulher tenha um marido, parceiro ou parceira que esteja trabalhando e ganhando o suficiente para cobrir pelo casal ela não vai realmente poder desfrutar da licença maternidade.

Em 2002 a Califórnia finalmente aprovou uma lei que garante a licença maternidade remunerada se a empresa tiver mais que 50 empregados. A Califórnia foi o primeiro estado a passar essa lei e o único onde licença maternidade é remunerado. Outros estados estão tentando aprovar leis semelhantes. A lei na Califórnia dita que a mulher ou o homem pode receber 55% do salário durante seis semanas. É melhor que nada, mas ainda assim…

Legalmente a licença maternidade ou licença família é tratada como “disability”, ou seja, quando o funcionário está afastado porque está enfermo e recebendo da previdência. Associar gravidez à “disability” me incomoda profundamente. Para mim não é só uma questão de semântica. Gravidez não é uma doença e muito menos uma deficiência.

Enfim, eu sempre me considerei feminista. Mas o que me incomoda no movimento feminista é a total invisibilidade das necessidades da mulher enquanto mãe. Em revistas como Working Mother tem sempre uma mulher feliz e elegante, vestida com um terninho, carregando uma pastinha numa mão e uma criança sorridente na outra.

Mas a realidade da maioria das mães que eu conheço não é bem assim. Creche e escolinhas de boa qualidade custam tão caro que às vezes não compensa todo o sacrifício que a mulher tem que fazer para trabalhar fora. Mesmo quando as crianças estão maiores ainda é difícil, especialmente durante os longos meses de verão. Na área onde eu moro há uma abundância de summer camps, uma espécie de colônia de férias. Porém o custo é astronômico. É uma situação frustrante na qual todos acabam perdendo.

Estava mais do que na hora de um movimento como MomsRising (Mães se erguendo).

Eu li no sítio do MomsRising que mulheres que são mães têm 44% menas chances de conseguir o mesmo emprego que mulheres que não são mães e possuem o mesmo nível de qualificação; uma mulher sem filhos ganha 90 centavos para cada dollar que um homem ganha, a mulher com filhos ganha 73 centavos e a que á mãe solteira ganha apenas 60 centavos.

Isso explica porque há tantas mulhere e crianças vivendo na pobreza em um dos paises mais ricos do mundo. Mulheres que moram em paises industrializados com leis que protegem famílias não se sentem penalizadas pela sua opção de ter filhos.

O objetivo do MomsRising é organizar milhões de pessoas que estão interessadas em demandar uma plataforma que inclua as necessidades de famílias na eleição presidencial de 2008 assim como no panorama politico americano em geral. A organização foi criada em maio do ano passado e já conta com 50 mil participantes e mais de 50 parcerias com outras organizações.

Monday, March 12, 2007


Locks of Love

Estou muito orgulhosa do meu filho. Na semana passada ele chegou em casa dizendo que queria cortar o cabelo para doar para uma organização chamada Locks of Love (Cachos de Amor).
Fazia mais três anos que ele não cortava o cabelo porque queria usá-lo longo. E foi assim que numa tarde de quinta-feira eu o ajudei a pentear o seu lindo cabelo cacheado, fiz uma trança e passei a tesoura. O cabelo para ser doado precisa estar limpo e com um mínimo 25 centímetros de comprimento.
Locks of Love é uma organização sem fins lucrativos criada em 1997 por Madonna Coffman, uma enfermeira aposentada. Quando ela tinha vinte e pouco anos, Madonna contraiu alopécia após receber uma vacina contra hepatite. Alopecia é uma doença incurável que faz as pessoas perderem todo o cabelo. Muitos anos mais tarde a filha dela contraiu a mesma doença, fato que lhe inspirou a criação de Locks of Love.
O objetivo de Locks of Love é coletar cabelo para fabricar próteses capilares para crianças de baixa renda e com menos de 18 anos que sofreram a perda do cabelo devido à alopecia, queimaduras, radiação em decorrência do tratamento de cancer ou qualquer outro diagnóstico de perda de cabelo por razões médicas e a longo prazo.
As próteses capilares feitas com cabelos doados - em muitos casos por outras crianças - são de alta qualidade e ajudam as crianças que já estão sofrendo com problemas de saúde a recuperar a auto-estima e restaurar uma aparência de “normalidade” em suas vidas.






Uma das recipientes do Locks of Love:




http://www.locksoflove.org

Saturday, March 10, 2007

Dance Jam


Nitin Sawhney - Rainfall


Acabo de voltar para a casa depois de dançar por mais de duas horas. Adoro dançar. Eu me sinto completamente viva e cheia de energia quando estou dançando. Adoro sentir o suor correndo e a canseira gostosa que eu sinto depois de dançar por algumas horas. Eu também me sinto plena quando estou fotografando, viajando ou escrevendo. O que voces fazem que lhe dão imenso prazer?
O vídeo acima é de Nitin Sawhney. Ele não aparece nesse vídeo, somente as suas mãos tocando tabla. Ele é nascido na Inglaterra de pais indianos e toca vários instrumentos.

Rainfall – Nitin Sawhney

(tradução meio macarrônica feita por mim)

Eu gostaria de saber o que está acontecendo

Nesse mundo onde vivemos

É tanta pobreza a minha volta

E a insanidade que me cerca

O mundo me parece tão longe

A vida das pessoas mudando todos os dias

Ouço a chuva que cai

Eu gostaria de saber quando você e eu

Vamos parar de caminhar e só passar (por aí)

Tanta ignorância

Que meus olhos vêem

Minha experiência

Não pode me cegar

O mundo me parece tão longe

As estações mudam e a chuva está chegando

Oh não, eu já posso ouvir a chuva

Eu gostaria de encontrar uma nova realidade

Algo mais que essa fantasia

Sem jogar com a mente

Eu mal posso ver com essa chuva escura

O mundo me parece tão longe

A vida das pessoas mudam todo o dia

Ouço a chuva que cai

Rainfall

I'd like to know what's going on

In this world we're living on

So much poverty

All around me

This insanity

That surrounds me

It is the world, seems so far away

People's lives, changing everyday

Oh no... I can hear the rainfall

I'd like to know when you and I

Will stop walking and passing by

So much ignorance

That my eyes see

My experience

Cannot blind me

It is the world, seems so far from here

Seasons change, and the rain is near

Oh no... I can hear the rainfall

Oooh... Yehh....

I'd like to find a new reality

Something more than this fantasy

No more false dreams

No more mind games

I can't even see

Through this dark rain

It is the world, seems so far away

People lives, changing everyday

Ey Oh... I can hear the rainfall

Thursday, March 08, 2007


Dia Internacional da Mulher

O ofício de ser mulher
A beleza de ser mulher
O sacrifício de ser mulher
A solidão de ser mulher
O segredo de ser mulher

O dia internacional da mulher tem como tema esse ano o fim da impunidade e da violência contra mulheres e meninas.
Estes são alguns dados publicados em uma pesquisa realizada pela ONU e publicado no ano passado:
• Violência contra a mulher é o crime mais comum e menos punido no mundo.
• Estima-se que entre 113 milhões e 200 milhões de mulheres estão “demograficamente desaparecidas.” Elas foram vítimas de infantícidio em culturas que preferem meninos ou não receberam a mesma quantidade de alimentação e cuidados médicos que os seus irmãos.
• O número de mulheres que são forçadas a se prostituir vacila entre 700 mil e 4 milhões anualmente. Estima-se que o lucro gerado da escravidão sexual esteja entre 7 e 12 bilhões de dólares por ano.
• No mundo todo, mulheres entre 15 e 44 anos de idade correm mais risco de morrerem ou tornarem-se aleijadas como resultado de violência doméstica do que através de cancer, malária, acidentes de trânsito ou guerra como um todo.
• Pelo menos uma em cada três mulheres já sofreu algum tipo de abuso durante a sua vida. É comum que o criminoso seja um membro da família ou alguém que a mulher já conhece. A violência doméstica acontece mundialmente independentemente da região, cultura, étnia, nível de educação, classe social ou religião.
• Estima-se que 2 milhões de meninas têm os seus genitais mutilados; uma menina a cada 15 segundos.
• Estupro continua rampante onde há guerras e conflitos armados. Entre 250 mil e 500 mil mulheres foram estupradas no genocídio que aconteceu na Ruanda em 1994.
• Pesquisas demonstram que existe uma conecção entre violência contra a mulher e HIV. A possibilidade de que mulheres portadores de HIV já sofreram alguma forma de violência é alta. Ao mesmo tempo, mulheres que são vítimas de violência correm um maior risco de serem expostas ao vírus.


É importante romper o silêncio e continuar denunciando. É necessário também estabelecer redes de cooperação entre comunidades de mulheres do mundo todo e apoiar iniciativas que irão contribuir para o fortalecimento dessas comunidades, como o programa de micro-crédito estabelecido em Bangladesh. Embora a violência contra a mulher também ocorra em paises industrializados e entre camadas sociais mais privilegiadas, eu acredito que a extrema probreza e falta de oportunidade de educação colocam as meninas e as mulheres numa posição mais vulnerável onde aumenta o risco das mesmas se tornarem vítimas de abuso.

O 8 de março é também uma oportunidade para celebrar as vitórias conquistadas pelo trabalho árduo de muitas mulheres. Em San Francisco, três mulheres ocupam algumas das posições mais altas no governo local: Kamala Harris, District Attorney (o cargo mais elevado no departamento jurídico); Heather Fong, Chefe de Polícia; e Joanne Hayes-White, capitã do corpo de bombeiros.
San Francisco
é também a sede da Global Fund for Women, uma fundação que está celebrando 20 anos de existência. O GFW financia projetos no mundo todo que visam o empoderamento de mulheres.

Esse post faz parte da blogagem coletiva em comemoração ao dia internacional da mulher iniciada pela Denise Arcoverde do Sindrome de Estocolmo. Nesse link você pode encontrar uma lista de todos os participantes.

Wednesday, March 07, 2007

Times are changing

Xavier Naidoo - Dieser Weg





Um dos cantores mais populares na Alemanha no momento é Xavier Naidoo. Nascido na cidade de Mannheim, na Alemanha, ele é filho de uma sul africana de descendência irlandesa e de pai sul africano de descendência indiana. Ele foi criado falando dois idiomas, inglês e alemão. Ele também canta algumas canções em inglês, mas na maior parte do tempo canta em alemão. Ver um homem negro cantando em alemão desafia o estereótipo que para ser alemão alguém tem de ser branco. Na cabeça de muitas pessoas ser negro e falar alemão são duas realidades irreconciliáveis.
Já aconteceu muitas vezes de estarmos num grupo de alemães e o meu marido falar que nasceu e cresceu na Alemanha e alguém perguntar:
- Como você aprendeu a falar alemão tão bem?
Os americanos e brasileiros também não conseguem disfarçar a surpresa quando ouvem que o meu marido é cidadão alemão, culturalmente alemão, apesar da aparência. Apesar do pai liberiano, ele morou na Libéria somente por quatro anos quando ainda era menino. Ele já está tão acostumado com esse tipo de reação que nem liga para esses comentários ignorantes e racistas. Eu fico chocada imaginando como seria ter alguém questionando a minha cidadania baseado-se apenas na minha aparência.
Além de acreditar na importância das crianças aprenderem a falar mais de um idioma e conhecerem a cultura do pai, uma das razões pelas quais decidi ensinar alemão para os meus filhos é justamente para desafiar a noção de que só há um tipo de alemão. Um dia minha filha perguntou:
- Is it ok to be “brown” and German? (É ok ser alemão e moreno?)
Eu respondi:
- É claro que sim.
E citei os afrodeustch que eu conheço. Agora ela tem mais um, Xavier Naidoo, que é talentoso e bonitão. É muito importante para a criança se sentir representada, espelhada, na cultura(s) de origem.
Felizmente as coisas estão mudando. O número de afrodeustch, alemães de descendência africana ou de descendência africana e alemã está aumentando. Hoje em dia já é possível ver alemães negros trabalhando como telejornalistas e há artistas de rap e hiphop que estão se tornando cada vez mais conhecidos.

Monday, March 05, 2007

Chinese New Year Parade – San Francisco

Nesse sábado foi a parada em celebração ao ano novo chinês em San Francisco. A parada de San Francisco é a maior celebração de ano novo lunar fora da Ásia. A parada dura duas horas com acrobatas, dragões chineses e carros alegóricos. Além da China, outros paises asiáticos também foram representados. Houve um carro alegórico lindo representando o Vietnam com pessoas em trajes típicos; dançarinos em roupas tradicionais da Tailândia; um carro alegórico com músicas em português e pessoas com trajes semelhantes aos dos camponeses portugueses representando Macau (incrível o poder da colonização); um grupo das Filipinas carregando estrelas de papel típicas das ilhas; um grupo de jovens da Samoa e muitos outros. Outro carro bonito foi um representando a comunidade gay e lésbica com um globo em cima. Eu vi até uma mini escola de samba com músicos asiáticos chamada Sambasia. Havia também muitas escolas primárias de San Francisco desfilando com as crianças vestidas como porquinhos porque esse é o ano do porco. Lindo ver todas aquelas carinhas de crianças latinas, asiáticas, brancas e afro-americanas celebrando o ano novo chinês. É muito enriquecedor estar em meio a tanta gente de diferentes raças, diferente culturas, diferente etnias e diferente nacionalidades. Morar aqui me abriu a janela para o mundo.


Saturday, March 03, 2007


Lua

Minh’alma é como a tua

Se faz triste ou contente

De acordo com a lua

Quando a lua está cheia

Minh’alma está nua

Entre nós

Estão as ruas

Cheias de luas artificiais.

Embora eu já conheça o meu marido há quase vinte anos eu ainda entro em pânico toda vez que ele está para voltar de uma viagem longa. Sempre fico ansiosa, tentando colocar tudo no lugar e terminar de fazer as coisas que estão na minha lista de coisas por fazer. É claro que acabo nunca atingindo o meu objetivo, mas ainda assim não paro de tentar.

Ele viaja muito e portanto passamos boa parte do tempo longe um do outro. Sou uma pessoa muito independente e tenho necessidade de passar um tempo comigo mesma, ainda mais agora que sou mãe. Quando menina, eu passava horas brincando sozinha embaixo da mesa do cozinha ou em algum canto da casa mergulhada num livro. Adoro caminhar, ir à livrarias e até mesmo ir ao cinema sozinha. A distância e as interrupções no nosso cotidiano também me ajudam a valorizar o meu parceiro e o meu relacionamento. Há um provérbio em inglês que diz o seguinte: the distance makes the heart grow fonder, ou seja, a distância faz o coração crescer mais afeiçoado. Na sua absência eu me esqueço das coisas bobas que ele faz que me irritam no dia a dia. A saudade restaura aquela aura de bondade, promessa e beleza que brota no início de cada romance. O bom de estar numa relação onde existe o respeito mútuo e na qual os parceiros tentam manter a sua individualidade intacta é que o espaço de cada um não é visto como uma ameaça, uma reinvindicação a ser negociada. É nesse espaço que “escolhemos” um ao outro a cada re-encontro. Em princípio, assim um pouco sem jeito, como um animal que tem que cheirar o outro para reconhecê-lo. Mas é de volta ao começo que me dou conta que nunca saí dali.

Muitos assuntos diferentes atraíram a minha atenção nessa última semana, mas não consegui sentar para organizar nada de maneira coerente.

Mas hoje chegou a hora. Quando passo muito tempo sem escrever fico de mal humor. Escrever para mim é uma forma de digerir o que penso e o que sinto. Minha mente é sempre muito ocupada e sem não dou vazão a tanta idéia fico assim congestionada, constipada.

Pois é, nem mesmo o azul puríssimo do dia de hoje ajudou a minha melancolia. Foi um daqueles dias no qual eu me sinto como que de olhos vendados no escuro tentando encontrar uma peça de um quebra-cabeça que não parece se encaixar. As outras peças parecem fluir harmoniosamente, mas ainda não encontrei uma maneira de enquadrar o meu lado professional em meio a tudo isso. Minha vida parece estar em constante transição: de um lugar para outro, de uma cultura para outra, de uma língua para outra.

Mas mesmo com tanta incerteza a minha relação com o meu companheiro tem sido a minha estrela guia, minha terra firme.

Nessa noite de lua cheia foi ele que conseguiu puxar o fio da meada e desemaranhar a minha tristeza.

Foto: Lua nascente em Alameda de minha autoria.