Monday, December 31, 2007

Bonito por natureza

O último por-do-sol de 2007 foi espetacular e o meu brinde foi regado a limonada.

Hoje fez um dia lindo. Fomos à praia e estava cheio de surfistas curtindo as águas geladas do Pacíficio. Eu pulei as sete ondinhas e fiz os meus pedidos para o ano que se inicia.

Berkeley Marina - 31 de dezembro de 2007


Pacifica - 1 de Janeiro de 2008


Este post foi atualizado para incluir o segundo slide.


FELIZ ANO NOVO!

HAPPY NEW YEAR!

GUTEN RUTSCH INS NEUE JAHR!

FELIZ AÑO NUEVO!

BONNE ANNÉE!

Muito obrigada pelo carinho e atenção durante o ano de 2007.

Desejo a todos que passam por aqui um ano novo repleto de surpresas boas, saúde, amor e paz. Que seus sonhos se realizem.

PS: Se quiserem se divertir um pouco com a minha história de reveillon em terras californianas leiam o post abaixo.

Sunday, December 30, 2007


Reveillon às avessas

Eu estou morando aqui há tanto tempo que já me acostumei a passar o Natal no inverno. Na verdade, eu gosto. Acho aconchegante. Mas o Ano Novo é outra coisa.

Eu não sinto saudade nenhuma de Carnaval, mas eu sinto saudade do reveillon no Brasil. Sinto falta do verão, da praia, das pessoas vestidas de branco, das festas que rolam até de madrugada com gente de toda idade.

Aqui é uma chatice. Além do frio e da chuva, muitas pessoas não celebram a passagem do ano. Vão dormir. Sim, passam a passagem do ano dormindo, uma coisa impensável no Brasil. Mesmo durante a virada do milênio não havia ninguém nas ruas do meu bairro. A maioria das casas estavam silenciosas.

Algumas pessoas fazem festa, mas muitas vezes as festas acabam antes da meia noite. (?) Uma vez fui a uma festa que terminou às 8 da noite. Outra vez terminou às 11. Mas o mais engraçado foi o ano passado. Fui convidada para uma festa de reveillon na casa de uns amigos. O convite veio via e-mail. Eu nem me preocupei em conferir a data, pois tinha a certeza que a festa seria no dia 31. No dia 31, por volta das 10 da noite, eu cheguei na casa do meu amigo com as crianças. Eu notei que a casa estava meia escura e quieta, mas pensei que talvez a galera estivesse se congregando na cozinha. Bati na porta e o meu amigo abriu usando um roupão de banho. Ele já estava na cama. A festa tinha sido na noite anterior. Pode? Ora bolas, onde já se viu fazer uma festa de reveillon uma noite antes? A desculpa foi que talvez as pessoas preferissem passar a passagem do ano somente com os seus familiares. Roncando? Eu, hein?

Felizmente, no ano passado estava rolando o Dance Jam, o lugar onde eu vou dançar às sextas-feiras. Por alguma razão, naquela semana eles decidiram organizar o baile na sexta e no sábado. Na verdade, é mais como um baile hippie. Mas deu para o gasto, como diria a minha mãe. No mais, as opções são os clubes onde a entrada nesse dia é caríssima e não se pode levar criança. Eu adoro como no Brasil as crianças são integradas nas celebrações de fim de ano, nas festas de família, nos casamentos. Não existe esse negócio de mandar criança pra cama às 8 da noite na véspera da passagem do ano. Como já disse aqui uma vez, eu detesto essa estória de excluir criança desses tipos de festividades. Criança não é cachorro, apesar do carinho que eu também sinto pelos mesmos.

Em princípio, eu pensava que tinha a ver com o inverno e que as pessoas ficam com menos pique por causa do frio. Mas quando passei um reveillon na Alemanha descobri que é muito parecido com o Brasil. As pessoas fazem festas nas casas, soltam fogos de artifício e esperam até a meia noite. Ele chamam o reveillon de Sylvester ou Sylvesterabend (a noite de São Silvestre). A lenda diz que Silvestre foi um papa que milagrosamente curou o imperador romano Constantino I de lepra. O imperador por sua vez recompensou o papa com a generosa doação de terras e bens. O dia 31 de dezembro é o dia de São Silvestre.

Bom, nesse ano eu já estava me preparando para um reveillon a la Mexicana na casa da minha vizinha, mas ela acaba de se mudar e não deu tempo de preparar a casa para a festa. Então, a festa foi adiada. Eu estarei em casa com os filhotes e um amiguinho que vem passar a noite. Acho que só me resta assistir a tal bola de Nova York na televisão e brindar com suco de maçã, já que o marido vai estar tocando em algum clube para uns hippies que pagaram uma grana para ter um reveillon com música ao vivo.

Ah well, c’est la vie et la vie est comme ça!

Saturday, December 29, 2007

A Cida Louca e o espírito natalino

Uma hora da manhã. Tem chovido e feito muito frio. A cidade está coberta por uma neblina fria. Em noites como essa o fulano que lê a previsão do tempo recomenda que os bichos durmam dentro de casa. No entanto muitos homeless estão dormindo nas portas das lojas do meu bairro, algumas delas boutiques com vitrines lindas e iluminadas repletas de sapatos e roupas elegantes. É tão “normal” que até eu me sinto de certa forma imune à cena. Eu sinto compaixão, mas mantenho o meu coração e a minha carteira a uma certa distância. O coração fica em resguardo porque me sinto impotente diante de tanta miséria humana e a carteira, bem a carteira, não me sobraria nada.

Eu ainda me lembro como fiquei chocada logo que cheguei nos Estados Unidos e vi pessoas pedindo esmola nas ruas. Eu jamais imaginara que isso fosse possível no país mais rico do mundo. Eu tinha apenas 23 anos e a cabeça repleta de imagens de casa com lareira e de bairros arborizados e sem cerca (tudo ao som de Burt Bacharach, é lógico). É claro que além de Family e The Waltons eu também tinha assistido Shaft, Kojak e Os Detetives e vistos cenas no Harlem, mas nada tinha me preparado para o meu primeiro encontro com a pobreza a la Tio Sam.

A número de pessoas vivendo nas ruas aumentou muito desde de que eu vim morar aqui. A situação piorou durante o governo de Ronald Reagan, cuja administração diminuiu as verbas para os serviços públicos. Oito anos de Bush só vieram a piorar as coisas. Muitos homeless sofrem problemas psiquiátricos e os que não sofrem inicialmente correm o risco. É comum ver pessoas idosas e veteranos da guerra do Vietnam, mas também existem famílias com crianças que se tornam homeless porque um dos pais perde o emprego.

Eu moro num bairro cercado por restaurantes e lojas, por isso é também uma área que atrae muitos homeless. É surreal ver as pessoas carregando sacolas de boutiques elegantes e dirigindo carros caros ao lado de pessoas empurrando carrinhos de supermercado com todos os seus pertences.

No ano passado uma moça jovem começou a “morar” na minha rua. Na esquina há um café e uma espécie de galeriazinha com outras lojas. Ela geralmente dorme por ali quando tudo está fechado. Uma noite ela estava tossindo tanto que eu pensei que talvez ela tivesse tuberculose. Pensei em chamar a polícia mas não queria lhe causar mais problemas ainda. Finalmente, eu me lembrei da mãe de um menino que foi à escola com a minha filha que trabalha como psicóloga no Departamento de Saúde Mental de Berkeley. Ela me disse que da próxima vez eu devo telefonar para lá.

Essa mesma moça passa o dia caminhando pelas ruas e alucinando. Ela às vezes bate altos papos com a minha gata. Eu tenho a impressão que ela é esquisofrênica. O comportamento dela é completamente imprevisível. Um dia ela conversa com os meus filhos, no outro ela faz um gesto obsceno. Agora os meus filhos têm medo dela.

Isso me lembra da Cida Louca. A Cida Louca, era assim que a chamávamos que eu era menina, era uma mulher com problemas mentais que morava no meu bairro. Um dia eu corri para dentro de casa porque a Cida Louca estava correndo nua rua abaixo e gritanto.

Que tristeza! Fico imaginando a solidão dessas pessoas que vivem perdidas entre dois mundos, com a alma atormentada e sem paz de espírito. E muitas delas sem nem um teto!

Foto: Carrinho estacionado em frente ao Longs hoje por volta das oito da noite.

Thursday, December 27, 2007

Benazir Bhutto - 1953 - 2007

A primeira notícia que eu li hoje de manhã enquanto tomava o meu café foi sobre o assassinato de Benazir Bhutto. Uma perda terrível para o Paquistão, o mundo islâmico e o mundo.

Benazir

As I was driving home from a poetry reading

Someone was wrapping a bomb around his body

Life and death crossing the invisible veils of time zones

Did he say a prayer before? Did he think of a loved one?

As I slept in my peaceful cocoon

Someone on the other side of the world

Shot and killed Benazir Bhutto,

A brilliant and outspoken woman

Beautiful in her colorful veil

I woke up to the horrible news of her death

And read the details in disbelief

Many others died in the explosion that followed

How can someone believe the way to heaven is through hell?

A profound sadness filled my morning

So many innocent lives

So much blood shed

I am sad for Pakistan

A country I only know from the news

As I write these words

People are setting cars on fire

Others wailing in despair

I am sad for humanity

Have mercy on us all

Rest in peace Benazir. May your children and your family find the strenght they need.

Sunday, December 23, 2007

Feliz Natal
dDesejd
Um abraço forte, muito carinho e um Natal tranquilo com muito paz e saúde.




Thursday, December 13, 2007

Natal antigo - Bamerindus



Alguém se lembra desse comercial? Eu geralmente não gosto de comerciais, mas eu ainda me lembro da letra dessa música e desse comercial como se fosse hoje.

Tuesday, December 11, 2007


Luzes de dezembro
Dezembro aqui em casa é uma festa atrás da outra. No dia 6 de dezembro celebramos Nikolaus. Na Alemanha (e agora em Berkeley), as crianças deixam um par de sapatos na porta e Nikolaus deixa uma maça ou uma tangerina, nozes, chocolate e às vezes um presentinho. Para as crianças que não se comportaram bem durante o ano ele deixe um pedaço de carvão. Que cueldade!

Os meus filhos acordam mais cedo naquela manhã e correm para a porta para ver se Nikolaus deixou alguma coisa. Na mesma noite fazemos um jantar com as crianças do grupo de alemão e alguém vem vestido de Papai Noel com saquinhos com mais fruta, nozes e chocolate. É claro que isso já é uma adaptação. Na estória original Nikolaus era um bispo caridoso e não se vestia nada como Papai Noel. Mas, enfim, quem não tem cão... Nesse ano fizemos na noite do dia 7 porque caia numa sexta feira e as crianças poderiam dormir até mais tarde no sábado..

Na quinta à noite foi o Festival of Lights (Festival de Luzes) na escola da minha filha. Uma coisa que eu gosto nesse festival é a ênfase no que a comunidade de pais tem a contribuir. Ao invés de celebrar somente o Natal como fazemos no Brasil, esse festival reflete a diversidade da escola e também de Berkeley. Cada ano algumas famílias compartilham suas tradições com o restante da escola em apresentações durante essa noite.

O festival começa no salão principal da escola com música e algum tipo de procissão. Nesse ano um grupo de música andina de estudantes da escola abriu o festival. Minha família e mais duas apresentamos a tradição alemã de Sankt Martin quando as crianças passeiam pelas ruas carregando lanternas e cantando. Na verdade, uma das famílias e parecida com a minha: o pai é a alemão, a mãe espanhola e as crianças trilíngues.

Segundo a lenda, Sankt Martin, que era um cavaleiro, estava cavalgando por um vilarejo na idade média quando avistou um mendigo que estava prestes a congelar. Ele pegou a sua capa, partiu-a em dois com a sua espada e compartilhou a metade com o mendigo. Essa é uma tradição que celebra a compaixão e caridade e é celebrada no dia 11 de novembro. Mas também, como muitas outras tradições do hemisfério norte, Sankt Martin celebra o inverno, quando as noites são longas e precisamos de luz. No ano passado, uma família cujo pai é sueco apresentou Santa Lúcia que também tem como tema velas e luz.

O audiência então dividiu-se em três grupos para visitar as outras salas de aula onde outros pais estavam compartilhando tradições da sua cultura e/ou religião. Nesse ano tivemos Ano Novo Persa, Kwaanza e Dia de Reis (da maneira como é celebrado em Porto Rico). No passado tivemos Divali, Hannukah, Ramadan, Natal na Venezuela, Natal nas Filipinas, etc. Eu sempre acabo aprendendo com essas “apresentações.”

Todo o ano o festival termina com uma fogueira para celebrar a tradição pagã do solstício de inverno. O que muitas dessas tradições, inclusive o Natal, tem em comum é a celebração das luzes (é inverno no hemisfério norte) e da comunidade que se une para celebrar com comidas e bebidas. A comida está sempre presente nas mais variadas formas: chocolates ( na Europa), latkes (bolinhos de batata), frutas secas no caso do Irã porque durante o inverno existe uma escassez de frutas frescas, etc.

Hoje foi o último dia de Hanukkah que nesse ano chegou mais cedo. Tenho amigos muitos próximos que são judeus e meus filhos adoram celebrar Hanukkah e Passover. Todos os anos eu faço latke. Nós comemos as latkes com mousse de maça e sour cream, uma espécie de creme de leite, creio. Foi esse o nosso jantar de hoje.

Sunday, December 09, 2007

Feliz aniversário, Naima!

Hoje faz 8 anos que a minha pequena chegou nesse mundo. Nós a chamávamos de bebê do milênio porque inicialmente ela para ela chegar no dia primeiro de janeiro do ano 2000. Ela também ganhou o apelido carinhoso de bebê Y2K ou Mopsy Y2K. Alguém se lembra da estória que no dia primeiro de janeiro do novo milênio os computadores iam entrar em pane? Pois é, quando o médico me informou da sua due date eu fiquei apreensiva já imaginando que podia dar algum problema no hospital.

Eu tive pré-eclampsia, assim como na minha primeira gravidez. A minha pressão sanguínea estava tão alta que os médicos recomendaram que eu ficasse de repouso absoluto no hospital. Fui internada no dia após o Thanksgiving no final de novembro. Passei quase três semanas comendo comida absolutamente sem sal, com visitas monitoradas e com enfermeiras me checando constantemente. Chegou a um ponto que até conversar no telefone elevava a pressão. O pior de tudo é que eu não tinha nenhum sintoma. Se dependesse de mim eu estaria dirigindo para o supermercado.

Durante a gravidez eu tinha recusado a opção de fazer o exame do líquido aminiótico porque tenho pavor à agulha. Pois não é que eu acabei tendo de fazer o exame duas vezes porque eles precisavam verificar se os pulmões dela já estavam amadurecidos para o nascimento.

A eclampsia faz com que o bebê não receba os nutrientes de maneira adequada através da placenta. Consequentemente, os bebês nascem bem pequenos. Muitas vezes, como no meu caso, os médicos decidem que não viável esperar até a data prevista para o nascimento e marcam uma cesária assim que seja possível.

O pior de tudo foi após o parto. Eu tive que tomar magnésio por 24 horas. Os médicos queriam garantir que eu não sofreria um derrame ou uma convulsão após a cirurgia. Eu tive uma reação horrível. Eu estava exausta, mas não conseguia dormir. Ao mesmo tempo eu me senti completamente dopada e não conseguia me concentrar em nada. Até amamentar a minha filha foi extramente difícil nessas primeiras 24 horas.

A minha filhota nasceu pesando pouco mais de dois quilos ao som de música clássica, pouquinho maior que uma banana. A médica que a retirou de mim foi super doce. Ela a levantou segurando-a por debaixo dos bracinhos e disse: “Hi, sweetie!” Ela era tão pequena que mesmo as roupas para bebês prematuros ficavam grandes nela. Felizmente ela nasceu saudável e logo ganhou peso.

Hoje ela é uma menina poderosérrima!


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