A minha vida sempre foi por um triz. Eu sou uma daquelas pessoas para quem tudo acontece na ultima hora. Vivo minha vida intensamente e aprecio todo momento, pois como diz a minha mae "para morrer, basta estar vivo".
Wednesday, September 26, 2007
A Lua
Hoje eu vi a lua cheia nascer por detrás do morro. Linda!É uma pena que não consegui capturar a magia da lua com a minha camera.
A primeira coisa que faço quando acordo pela manhã é sentar em frente ao computador com um copo de café com leite e uma torrada com geléia e queijo e ler as notícias na BBC World News. Leio a BBC em português e a em inglês porque geralmente a versão em português tem mais notícias sobre o Brasil.
A primeira notícia que me chamou a atenção hoje foi uma matéria sobre uma propaganda onde um ator famoso de bollywood aparece anunciando um creme para branquemento da pele.A propaganda já está no ar na Índia e será veiculada na Inglaterra em breve. O nome do creme é Fair and Handsome (Claro e Bonito).A propaganda mostra o galã tentanto convencer um rapaz de pele mais escura a usar o creme para se tornar mais “claro e bonito” e assim ter mais amigos e conquistar a mulher por quem está interessado.
A propaganda está gerando controvérsia na Inglaterra.Uma atriz anglo-indiana que está participando de uma peça de teatro sobre questões racias geradas pela cor da pele disse a BBC que quando ela era pequena a família a banhava numa mistura de ervas e óleos na tentativa de clarear a sua pele.Sua avó chegou a dizer:“você tem que se tornar boa em alguma coisa porque nenhum homem se casaria com você pela sua beleza (for your looks).” Triste, não?
No link da BBC você pode ver o clip da entrevista com essa atriz e aqui está o comercial via Youtube.
Acabo de descobrir a música de Rão Kyao através de uma amiga brasileira que acaba de regressar à Califórnia após passar um ano em Portugal. A música dele é uma fusão de música indiana com fado.Estou muito curiosa para descobrir mais.
Ainda não tive a oportunidade de visitar Portugal, mas adoraria...
Há muitas coisas sobre as quais gostaria de escrever mas ando exausta. Desde que meus filhos votaram às aulas tenho dormido uma média de 4 a 5 horas por noite. Continuo indo para a cama super tarde e acordando às 6:30 da manhã para preparar o café da manhã do meu filho que tem que estar na escola às 7:30 da manhã.
Gente, não adianta, eu sou boêmia de nascença. Mesmo quando era criança eu nunca gostei de levantar cedo.Minha mãe me acordava dizendo que ia até a padaria. Ele ia comprar o pão e voltava eu ainda estava na cama. Quando finalmente ela conseguia me arrancar da cama eu me debruçava sobre a mesa do café. Ainda me lembro das minhas caminhadas sonolentas até à escola. Por alguma razão eu não me lembro muito bem das manhãs ensolaradas de verão, mas me lembro bem das manhãs orvalhadas de inverno. Eu gostava de ver o ar sair da minha boca e fazer de conta que eu estava fumando. Naquela época eu ainda achava que era cool fumar.Isso era muito antes de eu descobrir que havia uma relação direta entre toda aquela fumaça e a minha bronquite.Meu pai fumava constantemente e uma tia minha conseguia fazer círculos perfeitos com a fumaça do cigarro.
Mas voltando ao assunto, posso estar morrendo de sono que quando a noite chega eu desperto. Mas após alguns dias sem dormir o suficiente eu estou que é só pó, ou como dizia minha amiga espanhola, estoyhecha polvo.
Volto em breve assim que tiver me recuperado e conseguir pensar direito. Por enquanto fica aqui uma musiquinha da Amel Larrieux para o final de semana. Responderei aos comentários também quando voltar.
O mundo perdeu hoje um grande músico de jazz:Joe Zawinul, um dos fundadores do grupo Weather Report com Jaco Pastorius, Wayne Shorter, and Alex Acuna.Quando a banda decidiu se separar ele fundou outro grupo chamado Zawinul Syndicate. Apesar de problemas de saúde, ele continuou fazendo tournes.A última foi na Hungria nesse verão. A sua última apresentação era para ser na Vilete, em Paris.
Um dos seus filhos, Erich Zawinul, anunciou a morte do pai da seguinte forma:
"Joe Zawinul nasceu em 7 de julho de 1932 para o tempo terrestre e em 11 de setembro de 2007 para a eternidade.”
Numa das entrevistas que eu li hoje ele disse que não tinha medo de morrer porque quando era criança ele conviveu com a morte diariamente durante a segunda guerra mundial.Ele nasceu na Aústria e mudou-se para os Estados Unidos em 1959 quando conseguiu uma bolsa de estudos para estudar na Berklee School of Music em Boston.
Ele diz que foi o único homem branco a tocar em bandas de negros no sul dos Estados Unidos. Durante a época da segregação racial ele tinha de se escondia no chão do carro enquanto eles dirigiam por algumas partes do sul dos E.U.A. para não ser pego.Ele corria todo esse risco porque era apaixonado pelo jazz e queria tocar com os melhores músicos do gênero.
Eu tive o prazer de assistir a um dos seus shows em San Francisco há muito tempo e de conhecê-lo nos bastidores.
A Remark you made - Weather Report Composição de Joe Zawinul
Os festivais de rua são bastante comuns por aqui. Geralmente começa com uma parade, um tipo de desfile com bandas, caminhão do corpo de bombeiros, políticos, grupos de imigrantes, escolas e outros grupos ativos na cidade. Depois do desfile as pessoas caminham pela rua onde há palcos espalhados com grupos de música e dança de todo tipo: de blues à dança do ventre.Existem também barraquinhas vendendo comida, artesanato, roupas e até orquídeas.
O que eu acho interessante são as bandas, que na verdade são como as fanfarras que eu conhecia nos meus tempos de colégio no Brasil.Na minha escola primária existia uma fanfarra que sempre ganhava todos os concursos.A baliza era uma menina linda que todo mundo invejava.O uniforme era azul marinho com uma polaina branca e um chapéu alto também azul marinho com uma pluma branca em cima.O uniforme da baliza era dourado.Ela tinha olhos verdes e fazia todo tipo de pirueta com aquele bastão.Era uma fanfarra meio que de elite e eu nunca consegui participar por falta de dinheiro, creio.
Quando fui para outra escola para cursar a quinta série finalmente tive a oportunidade de participar de uma fanfarra.Só que nessa escola a fanfarra não tinha toda aquela pompa.O nosso uniforme era branco e servia também como uniforme de educação física.Nada de pluma ou de baliza de olhos verdes e roupa dourada.Para não dar muito na cara usávamos um coletinho vermelho por cima.Eu tocava flauta.Mas acabei desistindo após um desfile de sete de setembro sob uma chuva danada que me deixou encharcada.
Eu nunca vi nenhuma fanfarra no Brazil com adolescentes de colegial e muito menos estudantes universitários.Pois é, aqui tem.Tem até fanfarra com músicos adultos com uniformes, tubas, bumbos e tudo mais. A primeira vez que vi a fanfarra da universidade de Berkeley eu fiquei pensando que na época em que eu era estudante universitária eu não sairia de uniforme tocando em uma fanfarra nem que me pagassem. Na minha vida de estudante universitária boêmia aquilo simplesmente não era cool.
Mas nas terras do tio Sam, mesmo em Berkeley, uma cidade considerada como o reduto da cultura hippie do país, ainda encontram-se jovens dispostos a desfilar pela rua vestidos em uniformes de fanfarra.
Embora eu esteja morando nesse país há muito tempo ainda não consigo me identificar com essas fanfarras, com futebol americano, com baseball e com hamburgers. Eu só espero que um dia a minha filha não decida virar uma cheer leader.
Fotos: Solano Avenue Stroll - Domingo, 9 de setembro.
Não estou acostumada a receber convites oficiais. Mas desde que apresentei uma oficina sobre biliguismo no consulado brasileiro com uma amiga há dois anos isso mudou. Fui convidada pela segunda vez a participar da cerimônia de 7 de setembro na prefeitura de San Francisco. Esse dia foi declarado Brazilian Heritage Day em San Francisco, ou seja, um dia em que se comemora a contribuição de brasileiros na área de San Francisco.
Eu sempre me sinto como um peixe fora d’água nesse tipo de ocasião, mas sempre acabo por encontrar alguns outros gatos pingados como eu. Mas nesse ano não foi tão divertido como no ano passado com o prefeito que é super simpático.Leia aqui sobre a minha experiência no ano passado. Desda vez quem presidiu a cerimônia foi Charlotte Schultz, a chefe de protocolo da prefeitura. Ela é esposa de George Schultz que foi secretário de estado durante of governo de Reagan.
Após o hasteamento da bandeira brasileira no balcão da prefeitura, uma cantora lírica cantou os hinos do Brasil e dos Estados Unidos e a Ms. Schultz entregou uma declaração para o cônsul. Durante o seu discurso ela me saiu com essa pérola:
-There are thirty thousand Brazilians living all over the Bay Area. But you normally only come together during Carnival and that is when you wear less clothes.(Há trinta mil brasileiros espalhados na área da baía de San Francisco. Mas vocês geralmente só se reúnem no Carnaval e é quando vocês usam menas roupas.)
Podem me chamar de chata, mas na minha opinião alguém trabalhando nessa posição deveria ter um pouco mais de cautela com esse tipo de piadinha.Eu não fui a única pessoa a reagir dessa forma.Esse tipo de comentário geralmente não passa batido entre muitas mulheres brasileiras que moram fora há muito tempo e já estão cansadas de lidar com esse tipo de situação.
O cônsul então lhe ofereceu um livro de receitas brasileiras num gesto de boa vontade, embora eu não acredite que essa mulher jamais faça a sua própria comida.Eu, que algumas vezes peco pelo sarcasmo, teria tido:
- Here is a book of Brazilian recipes and you won’t even need to wear a biquini while you are cooking! (Aqui está um livro de receitas brasileiras e você nem precisará usar um biquíni enquanto está cozinhando.)
Foi bom rever algumas pessoas legais que eu conheço, mas foi uma festinha bem sem graça sem comida e sem música.No ano passado pelo menos tinha uns canapés além do prefeito boa pinta.
"A abelha fazendo o mel vale o tempo que não voou."
Eu adorava esse disco do Beto Guedes quando era adolescente.Foi um presente do meu primeiro namorado.Na verdade, não era o primeiro de fato.Mas foi o primeiro mais sério. Eu achava ele tão bonito na capa desse disco, com uma aparência doce e meio inocente e a cara de quem passou uma boa noitada.Ainda existe uma bicho grilo dentro de mim. Numa das minhas viagens ao Brasil eu comprei o cd. As composições são tão bonitas, tão mineiras.
No meu bairro tem flor e planta prá todo lado. Adoro caminhar no final da tarde e fotograr as flores e o trabalho das abelhas e das joaninhas. A foto acima foi feita na tarde de ontem. Clique na foto para ampliar.
Amor de Indio - Beto Guedes
Tudo que move é sagrado E remove as montanhas Com todo cuidado, meu amor Enquanto a chama arder Todo dia te ver passar Tudo viver a teu lado Com o arco da promessa Do azul pintado pra durar Abelha fazendo mel Vale o tempo que não voou A estrela caiu do céu O pedido que se pensou O destino que se cumpriu De sentir seu calor e ser todo Todo dia é de viver Para ser o que for e ser tudo Sim, todo amor é sagrado E o fruto do trabalho É mais que sagrado, meu amor A massa que faz o pão Vale a luz do teu suor Lembra que o sono é sagrado E alimenta de horizontes O tempo acordado de viver No inverno te proteger No verão sair pra pescar No outono te conhecer Primavera poder gostar No estio me derreter Pra na chuva dançar e andar junto O destino que se cumpriu De sentir seu calor e ser tudo
Ouça Amor de Índio na voz de Beto Guedes e Djavan aqui.
Atualização:Muito obrigada a todas pelo carinho e pela atenção.
No meu aniversário teve muita preguiça, pijama até tarde, caminhada pelo bairro ao entardecer sob a luz que a tudo perdoa, encontros com flores escandalosas, crepúsculo alaranjado, comida tailandesa, torta de limão e sorvete de baunilha. Que a minha curiosidade faça com que eu finalmente encontre o meu caminho.
PS1: Clique na foto acima para ver a joaninha descansando na flor.
PS2: Dani, por favor deixe o seu link para a "Vila Albertina" abaixo.:-)
Meu nome é Regina Camargo. Moro nos Estados Unidos há vinte e três anos. Sou casada com um músico afro-alemão e temos dois filhos que estão sendo criados entre três culturas e falando três idiomas. Eu venho de um background em jornalismo no Brasil, mas aqui trabalho como tradutora e interprete. Estou escrevendo esse blog em português numa tentativa de resgatar a minha habilidade de escrever em português e de “reconquistar” a minha língua mãe.