A minha vida sempre foi por um triz. Eu sou uma daquelas pessoas para quem tudo acontece na ultima hora. Vivo minha vida intensamente e aprecio todo momento, pois como diz a minha mae "para morrer, basta estar vivo".
Saturday, January 02, 2010
Soneto de Fidelidade
Vinicius de Moraes
De tudo ao meu amor serei atento Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto Que mesmo em face do maior encanto Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento E em seu louvor hei de espalhar meu canto E rir meu riso e derramar meu pranto Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure Quem sabe a morte, angústia de quem vive Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive): Que não seja imortal, posto que é chama Mas que seja infinito enquanto dure.
Eu não acho que as pessoas devem continuar juntas puramente por obrigação, por isso no meu casamento civil eu recitei esse poema do Vinicius. Hoje faz dezoito anos desde o dia em que eu disse "I do." Leia mais sobre o meu casório a la Berkeley aqui.
Durante essa época de ano novo muita gente decide fazer uma lista de “resoluções.” Eu sou mais modesta e prefiro pensar em termos de intenções. Faz tanto tempo que não escrevo nada por aqui que estou até meio que sem jeito.Mas uma das minhas “intenções” para esse ano é voltar a escrever mais em português.
O ano começou com uma lua enigmática: the blue moon. A lua azul, que na verdade parece como qualquer outra lua cheia, acontece a cada dezoito anos e é quando ocorre da lua cheia aparecer no céu duas vezes no mesmo mês. A próxima acontecerá em 2028.É claro, o fato da blue moon ter acontecido na noite do reveillon tornou o evento ainda mais especial.
O céu estava todo encoberto e achei que não seria possível ver a lua.Mas por volta das dez da noite quando eu estava chegando na festa da minha amiga, eis que avisto a lua brincando de esconde esconde nas nuvens.Foi uma visão quase mística, coisa de filme.Muitas das árvores estão com seus galhos nus por causa do inverno, o que tornou a paisagem ainda mais bonita.
Quando sai da festa por volta da uma da manhã o céu estava praticamente claro.Mas havia algo que eu nunca havia visto:um círculo fino e enorme de névoa rodeando a lua.Espetacular!O efeito durou menos que uma hora e depois as nuvens regressaram.
Hoje fui levar minha filha para fazer compras.As lojas estavam todas abertas!Achei estranho as lojas estarem abertas no primeiro dia do ano.É como se fazer compras fosse tão importante assim que não se pode esperar.É o consumismo repondo as tradições e os rituais.
Há muitas supertições no ano novo. Eu acho divertido e participo de algumas. Ontem na festa nós comemos doze uvas em doze segundos à meia-noite. Essa é uma tradição que vem da Espanha.É claro que eu me lembrei da calcinha nova branca e de começar o ano com o pé direito. Just in case! (Risos...)
Eu já sabia da tradição de comer lentilhas no dia primeiro para atrair dinheiro, mas descobri a tradição de comer “hopping John” recentemente. “Hopping John” é uma comida típica do sul dos Estados Unidos.Decidi experimentar a receita para trazer sorte para o ano novo. Trata-se de feijào fradinho cozido com alho, cebola, salpicão e tomates. Para acompanhar eu fiz arroz integral e couve.Ficou uma delícia.Na verdade, ficou tão bom que eu decidi compartilhar com a professora de arte das crianças. Foi com ela que descobri “hopping John.”É uma comida muito popular entre os afro-americanos do sul. Ela foi criada no Harlém, em Nova York, mas a família dela vem do sul.Achei interessante também a semelhança com a nosso costume de comer arroz com feijào e couve. Acho que é a influência da diáspora africana.
Outra coisa que gosto de fazer no primeiro de ano é caminhar à beira mar para sentir o cheiro de maresia e para jogar rosas brancas no mar e pedir a proteção dos deuses e deusas, do universo ou do mar que quem sabe ouve as minhas palavras soltas ao vento. Just in case.No creo en santos, pero que los hay, los hay...
Meu nome é Regina Camargo. Moro nos Estados Unidos há vinte e três anos. Sou casada com um músico afro-alemão e temos dois filhos que estão sendo criados entre três culturas e falando três idiomas. Eu venho de um background em jornalismo no Brasil, mas aqui trabalho como tradutora e interprete. Estou escrevendo esse blog em português numa tentativa de resgatar a minha habilidade de escrever em português e de “reconquistar” a minha língua mãe.