Thursday, December 21, 2006



Hannukah

Berkeley é uma cidade onde a diversidade é a norma. Meus filhos começaram a aprender sobre outras culturas, tradições e religiões aos dois anos de idade quando começaram a frequentar a pré-escola. A festinha de final de ano na escolinha deles sempre incluiu Natal, Hannukah ou Festival das Luzes na tradição judaica e Kwaanza, uma tradição celebrada entre afro-americanos. Meu filhos conhecem canções de Hannukah e de Kwaanza tão bem quanto as de Natal.

Nas lojas, as decorações de Hannukah em azul e branco com estrêlas de David e hannukiahs (um candelabro pequeno onde se acende as velinhas de Hannukah) quase se misturam com as bolinhas e os enfeites natalinos.

Agora na escola primária, a festa de final de ano chama-se Festival of the Lights ou Festival das Luzes. Cada ano algumas famílias se voluntariam para compartilhar com a comunidade as tradições celebradas pela sua cultura, religião ou país de origem. Nesse ano uma família demonstrou como o Natal é celebrado nas Filipinas, outra falou sobre o Natal na Dinamarca, um grupo de crianças apresentou uma dança indiana celebrando o Divali e no final houve uma fogueira marcando o solstício que celebra o início do inverno no hemisfério norte. Nos outros anos, outras famílias celebraram Hannukah, Kwaanza, Ramadan e Natal na Venezuela.

Meus filhos sempre se consideraram em parte judeus porque o padrinho deles é judeu. Eles sempre me explicam dessa maneira: “O padrinho também faz parte da nossa família. Se ele é judeu também somos nós.” Nunca adianta eu explicar que “tecnicamente” isso não é possível porque nem eu nem o pai deles é judeu.

Mas enfim, o fato é que a família que primeiro me acolheu nesse país é judia. Eu tenho memórias boas dos jantares de shabat que eu compartilhei com eles e das festas de Hannukah. Eu me lembro quando alguém me perguntou no meu primeiro ano aqui: “Você celebra Natal ou Hannukah.” E eu respondi: “Eu celebro os dois.”

Ontem teve uma celebração de Hannukah na livraria do meu bairro. Joel Ben Izzy, um autor de livros infantis e contador de estórias professional, contou a estória de Hannukah de maneira muito animada e outros contos. No final as crianças receberam um dreidel e uma moeda de chocolate. Havia crianças de várias raças e religiões no evento. Eu acho esse tipo de troca enriquecedor para todos que nela participam.

Então todo o ano os meus filhos gostam de acender as velinhas de Hannukah e eu preparo latkes, uma espécie de panqueca feita de batatas que é uma delícia e que se come com puree de maça. Depois as crianças jogam dreidel, uma espécie de peão e quem ganha o jogo ganha moedas de chocolate. É claro que a minha celebração, vinda de alguém que foi criada católica e que hoje em dia tem mais em comum com budistas, é mais uma homenagem à família e à cultura que me acolheram tão bem nesse país. Mas eu a faço com muito carinho.

Hannukah em si celebra a liberdade religiosa e a determinação do povo judeu. Na época em que Jerusalém foi colonizado pelos gregos os judeus se rebelaram e reconstruíram o seu templo. Só havia óleo o suficiente para acender a menorah (o candelabro das velas) por um dia, mas no final das contas o óleo foi o suficiente para iluminar o templo por oito dias. Por isso se acende uma vela para cada noite de Hannukah. Mas quem conhece bem mesmo essa história é a Carla.

5 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Regina,
Eu adoro quando você escreve sobre a multiculturalidade de Berkeley e compartilha a tua experiência. Acredito que o respeito com as tradições de outras culturas é fundamental num mundo tão conflituoso. Acho muito legal também você ter adotado alguns costumes da família que te acolheu no início da tua vida nos E.U.A. Se tornou uma parte da história da tua vida. :-)
bjs,
Cris

6:29 AM  
Anonymous Anonymous said...

Então, muito boa essa experiencia para as crianças, o mundo que elas vão criar certamente será melhor que o nosso...
Querida Regina, seja feliz nesse fim de ano, que a vida lhe seja leve e bela...
Beijos

2:46 PM  
Blogger Regina said...

Cris,

Realmente Berkeley e um lugar especial. Tambem acredito que o conhecimento de outras culturas e religioes contribuem para um mundo mais harmonioso.

Bjs.

Regina

12:11 PM  
Blogger Regina said...

Beth S,

Obrigada pela mensagem carinhosa. As nossas criancas carregam a esperanca e oportunidade de se criar um mundo melhor.

Que voce tenha um final de ano tranquilo.

Beijos,

Regina

12:13 PM  
Blogger oakleyses said...

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6:35 PM  

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