Thursday, November 30, 2006


Morrendo de fome

A revista do New York Times publicou nesse último domingo um artigo escrito por uma mãe sobre a sua experiência lidando com a anorexia da filha de 14 anos. No artigo ela descreve que em princípio a filha começou a se interessar por culinária, planejando jantares e perguntando constantemente qual seria o cardápio para as refeições familiares. Num período de menos de três meses ela praticamente parou de comer e foi diagnosticada como anoréxica.

Harriet Brown, a autora do artigo, começou então a pesquisar sobre os tratamentos disponívies. Inicialmente, o médico havia recomendado que a menina fosse separada da família e internada numa clínica especializada em anorexia. Não só o custo era astronômico – por volta de $1000 por dia que não seria coberto pelo seguro – como também não lhe parecia a melhor solução, pois a menina estava com muito medo de ficar sozinha.

Ela então descobriu um tratamento desenvolvido na Inglaterra, mas até então desconhecido nos E.U.A.. Conhecido como método Maudsley, esse tratamento foi criado pelos terapeutas Christopher Dare e Ivan Eisler do Hospital Maudsley em Londres na década de 80 como uma alternativa à hospitalização. Segundo esse método, é o papél dos pais insistir e encontrar maneiras de alimentar as filhas com trastorno alimentar.

Trata-se de um método que vai ao contrário das terapias convencionais, as quais pregam que a dinâmica familiar é o que em parte causa a doença. Muitos terapeutas na verdade recomendam a total separação entre os pais e a pessoa sofrendo de anorexia. Ainda assim, ela e o marido decidiram tentar esse método. Embora com muita dificuldade, após um ano “re-alimentando” a filha, a menina se recuperou. Ao mesmo tempo, a autora tem plena consciência que a qualquer momento a filha pode ter uma recaída. No momento, ela está escrevendo um livro sobre anorexia.

Ela cita também outro estudo sobre as consequências da falta de alimentação num experimento controlado feito com homens jovens no qual eles comeram somente a metade do que normalmente comiam durante meses. Irritação e falta de energia foram dois dos sintomas observados entre os rapazes. Ela levanta uma questão muito interessante também que é: por que pessoas que passam fome em várias partes do mundo onde não há o que comer não se tornam anoréxicas? Segundo ela, a anorexia só acontece em meio à fartura. It is kind of twisted, isn’t it?

O artigo é muito bom. Eu recomendo para @s que conseguem acompanhar a leitura em
inglês.

Link acima ou http://www.nytimes.com/2006/11/26/magazine/26anorexia.html?_r=1&th&emc=th&oref=slogn

8 Comments:

Blogger Denise Arcoverde said...

Excelente post! eu não tinha visto a matéria, obrigada por publicar aqui, querida! Eu acho é que colocam coisas demais nas costas dos pais, sendo mais objetiva, nas costas da mãe. Tudo é responsabilidade nossa.

Dia desses saiu uma matéria dizendo que as mães influenciam mais que a mídia no desejo da menina emagrecer, ok, e quem influencia a mãe?

Gostei muito de saber que existem tratamentos como esse, e que a mãe tem como ajudar, mas deve ser muito difícil, né?

Beijão!

7:25 AM  
Anonymous Anonymous said...

Regina,

Essa coisa de anorexia está ficando fora de controle, né? Um outro aspecto é que as pessoas em geral estão também "over-reacting" às vezes. Outro dia mesmo, por exemplo, o meu irmão mais velho e que mora no Brasil me perguntou se eu estava comendo direitinho e se não estava me deixando levar pelo o que ele chamou de "vaidade americana" -- a tal da anorexia.
Eu ri, né? Ele riu também. Mas depois fiquei pensando nisso por um tempo e achei até bonitinho a preocupação dele. É triste que essas coisas aconteçam.

O teu post está bem esclarecedor.

Anita
O teu post está muito esclarecedor!

7:38 AM  
Anonymous Anonymous said...

Muito oportuno o teu post, Regina. E o artigo do N.Y. Times levanta algumas questões interessantes, né? Até que ponto os pais (leiam-se mães, como diz a Denise) devem arcar com a culpa? No entanto, segundo o tratamento escolhido pela mãe da menina que sofre de anorexia, são os pais que devem se responsabilizar pelo tratamento. É óbvio que nada é clear-cut e que cada caso deve ser analisado na sua singularidade. Uma menina que desenvolve anorexia sofre influência direta do meio que ela vive e algumas vezes as mães podem ter uma grande parcela de culpa. Já ouvi falar de mães que tinham vergonha de suas filhas por serem "gordinhas". Imagina o que as pobres das meninas sentiam?? A necessidade de afirmação é muito grande na adolescência. Por outro lado, muitos casos devem ser tratados por profissionais (muito bem!) capacitados, uma vez que trata-se de uma doença muito perigosa e, em muitos casos, infelizmente, fatal, como pudemos ver ultimamente. Acho que se os pais (leia-se mães, de novo?...) são bem esclarecidos e têm ótimas noções sobre first aid (essencial p/ anorexia) nutrição, psicologia, além das básicas doses de paciência, muito carinho e amor, daí dá para se pensar num tratamento domiciliar. É que tem que ter um acompanhamento acirrado mesmo. Em casos de crise, se a filha fosse minha, ia para o hospital - eu seria qualificada para dar o cuidado básico mas jamais o médico.
Enfim, como falei, depende da gravidade do caso.

Mudando de assunto, ontem a Maria Luiza se apresentou no Teatro Guaíra, linda, curvaceous (não estilo Gisele!), cheinha, a maior jinga, saudável, um charme! Se quiser mando 2 fotinhos p/ vc conferir!! (agora vc deve estar pensando... que corujice, né? pois tá muito certa!!, hehe).

Bjkas,
Cris

P.S. Re, você recebeu o e-mail que enviei semana passada?

11:26 AM  
Blogger Regina said...

Denise,

Eu acho que e' provavelmente uma combinacao de fatores. No artigo ela menciona ate a possibilidade de um componente genetico. Mas, como voce, eu ainda acho que a midia tem um papel importantissimo no sentido de alimentar esse "ideal" entre as meninas.

Beijos,

Regina

11:03 AM  
Blogger Regina said...

Anita,

E' realmente impressionante o numero de meninas sofrendo de disturbios alimentares. Achei interessante o que o seu irmao disse sobre a vaidade americana, porque como sabemos e' uma doenca que nao respeita fronteiras. Deve ser dificil tambem quando a familia esta longe. Eles se preocupam...

Beijos,

Regina

11:05 AM  
Blogger Regina said...

Cris,

Eu nao sei se voce deve a oportunidade de ler o artigo na integra, mas o metodo utilizado pela mae nao dita que e' a responsabilidade unica dos pais de tratar das filhas. A diferenca pelo que eu entendi e' que as filhas nao sao internadas e os pais participam ativamente na "re-alimentacao" das filhas. Ao mesmo tempo a menina estava fazendo terapia, indo ao medico e visitando uma nutricionista. Deve ser super dificil, ne?

De os parabens para a Maria Luiza. Ela e' uma adolescente linda e adoravel. Alem de ser bonita, e' muito meiga e desembaracada. Mande-me as fotos, sim. Eu recebi o seu e-mail, mas ainda nao tive tempo de responde-lo.

Beijos,

Regina

11:10 AM  
Anonymous Anonymous said...

Oi Regina, A filha de uma grande amiga aqui sofria de anorexia, ficou internada 4 anos com a doenca ( desde os 15 anos), eu mesmo a fui visitar duas vezes. Como ela não melhorava a transferiram para o sul do país e proibiram as visitas.
A minha amiga engordou muito na epoca , pois comia acho que por revolta ou para tentar entender.
Bom no final das contas minha amiga tirou a menina do hospital e viajou com ela para o Pará de onde ela nasceu. Em tres meses a menina voltou de lá sem problemas ( acho que o fato de ver tanta gente faminta ajudou, não sei) Hoje é uma moca linda e cheia de saude. A mãe não voltou a morar aqui, continua a morar no pará depois de ter morado aqui em Estocolmo por 20 anos.
Beijos

12:09 AM  
Blogger oakleyses said...

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6:07 PM  

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