Wednesday, August 29, 2007

Escola da vida

Hoje o meu filho começou o middle-school, que aqui vai da sexta série à oitava. Foi a primeira vez que ele foi para uma escola tão grande. Quando fui buscá-lo ele me disse que um menino mais velho de uma outra classe tinha puxado o cabelo, na verdade as dreadlocks, de um menino da classe dele e fez um gesto como se você esmurrá-lo. Assim, sem mais nem menos. É claro que meu filho também ficou com medo pois também tem o cabelo comprido. Fiquei com uma pena tão grande desse menino ter sido agredido no primeiro dia numa escola nova.

Essa situação também me fez pensar no papél da testemunha e na questão da omissão. O que se deve fazer quando presenciamos um ato de violência? Acredito que é necessário interferir. Mas qual seria a melhor maneira? Como defender alguém sem colocar a própria segurança em risco? Essas situações geralmente acontecem tão rápido e inesperadamente que quando nos damos conta já é tarde demais.

Fiquei sem saber como aconselhar o meu filho. Se eu digo para ele contar para um adulto toda vez que ele notar uma criança tratando a outra de maneira desrespeitosa ele será rotulado de dedo duro. Se ele tentar defender a criança que está sendo agredida o agressor poderá se virar contra ele. Ao mesmo tempo, isso de certa forma roubaria da outra criança a oportunidade de aprender a se defender sozinha. Por último, presenciar um ato de violência sem nada fazer leva à omissão. Afinal, quem cala consente. Talvez o ideal seja seguir a intuição.

É lamentável que as crianças além de lidarem com os problemas normais da adolescência têm também que se preocupar com a violência, com as drogas e com a possibilidade de um estudante trazer uma arma para a escola.

Essa escola é boa, com professores super experientes e programas interessantes. No entanto, há crianças que já vem com problemas de casa. Para o meu filho, que até agora frequentou escolas pequenas e nunca teve de lidar com situaçoes como essa, está é uma oportunidade para ele aprender como lidar com pessoas que vivem em situações muito diferente da dele.

A ênfase do governo nesse momento é testar as crianças com frequência para ver se estão acompanhando o nível que é esperado de acordo com os padrões nacionais. No entanto, esses padrões uniformes não levam em consideração questões sócio-econômicas, de imigração, situações familiares, etc. Por exemplo, se uma família acaba de se mudar para o país não faz muito tempo e a criança ainda está aprendendo o idioma é óbvio que essa criança não vai se dar tão bem nos teste como uma outra que nasceu aqui. Para se ter uma idéia, o distrito escolar de Berkeley lida com crianças que falam 43 idiomas além do inglês. Mas para o governo essas diferenças são irrelevantes. Se os alunos de uma escola não desempenham de acordo com o esperado, o governo federal pode interferir e penalizar a mesma.

A maneira como esse governo lida com educação é punitiva e limitada. Mas o que se pode esperar de um governo que prefere investir em guerras que em educação ou programs de saúde?

Mas voltando ao meu filho que está começando uma fase nova na vida, só posso dizer que a infância passa rápido demais. É por isso que sempre estou tirando fotos dos meus filhos. Essa é única maneira que consigo tornar as minhas memórias em algo mais tangível.

O vídeo abaixo é da banda suiça Stress com a participação do cantor alemão Xavier Naidoo. Você pode ler a letra aqui (em francês, inglês e alemão aqui e traduzir com babel fish). Mas, basicamente a letra da música lamenta a perda da infância.

Stress - Tu me manques (avec Xavier Naidoo)


9 Comments:

Blogger Andréa said...

Nossa, eu já teria ido na escola, falado com as "tias", ligado pra mãe do cretininho e no dia seguinte ameaçado o dito cujo pessoalmente. Hehe. Só de pensar nessa situação do teu filho já me subiu o sangue. Vixe, me dá vontade de pegar o moleque que ameaçou pelo pescoço. Eu morro de medo dessas situações, Regina, acho que porque aconteceu muita merda assim comigo quando pequena (e em escola cara e só de meninas). Só de lembrar me arrepio. Não deixa isso passar em branco, não. E bota teu filho pra aprender karatê ou kickboxing. Tá, acho que exagerei.

4:58 AM  
Blogger Regina said...

Andrea,

O incidente nao aconteceu com o meu filho, mas com um outro menino da mesma classe. Mas ainda assim ele ficou amedrontado.

Eu tb fico muito apreensiva. Mas eu sempre digo para o meu filho que tb e' importante nao demonstrar que ele esta com medo. Esses bullies sao covardes. Eles sentem quando alguem esta com medo e e' mais vulneravel.

Enfim, e' claro que se isso tivesse acontecido com o meu filho eu teria ido reclamar. Felizmente, a escola tem um novo diretor que tem zero tolerancia para esse tipo de comportamento. Mas ainda assim as coisas acontecem...

Bjs.

REgina

7:44 AM  
Blogger Zeca said...

Puxa, essa situação não é mesmo fácil. Que saco! É ainda pior com os meninos, que precisam mostrar aos outros que são "bonzões", que podem mais que todos etc. Sem contar todo esse lance que você comentou Regina, como se defender etc. Já temos tantas coisas que se preocupar, e ainda aparece uma assim? Me lembro de inúmeros casos em que isto aconteceu comigo... mas preciso ser honesto, já estive nos dois lados da estória. Já fui provocado, muitos moleques maiores "mexeram" comigo, me bateram, fizeram outras brincadeiras idiotas que é melhor não comentar. Mas também já fiz isso com outros moleques. Não me lembro o que senti como agressor, mas tinha algo de vingança misturado com essa vontade de ser o gostosão, de provar algo pros amigos. Foram coisas que fiz quando criança ou pelo menos no início da adolescência. Acho que eu era inocente (no sentido de ingênuo) na época, uma criança, mas por outro lado não tão inocente assim a ponto de fazer algo tão idiota. Ao ler esse post, o 1o sentimento que me veio foi uma certa culpa, me coloquei mais no papel do agressor que do agredido... estranho. Quero muito ter filhos, com certeza morrerei de medo que algo assim aconteça com eles. Mas, honestamente, tenho ainda mais medo que meu filho seja o agressor, que ele faça outro menino se sentir como o colega do seu filho. Regina, trabalhe isso com seu filho, que ele não deva ter a mesma atitude quando ficar mais velho, quando for "veterano" na escola. Isso é normal que aconteça, querer experimentar o sentimento de estar do outro lado. Por mais bacana, bem educado, querido e amado que ele seja (podemos ver isto em todos os lindos posts sobre sua família!), seria natural acontecer isso com ele ao menos 1 vez.

Ótimo final de semana pra você e sua família!

9:35 AM  
Blogger Unknown said...

Oi Regina!
Vixe, etapa nova é sempre difícil, né. Para todo mundo. Mas penso o seguinte, como vc mesma disse, são várias situações que a vida nos coloca, que não tem como ser ensinadas. O negócio é esse mesmo que vc faz, dar auto-estima e sabedoria suficiente para seus filhos para que eles tomem as decisões certas.
É ruim demais esse povo (crianças, na verdade) que tentam intimidar os outros. Já pastei horrores por causa disso. Soube me impor no momento certo, mas aquela mágoa fica (pelo menos em mim...).
Regina, boa sorte nessa nova etapa. E vai fotografando mesmo, que o tempo voa.
Beijão

4:29 PM  
Anonymous Anonymous said...

Regina,

A situação realmente é horrível, mas nada incomum, infelizmente. E pior é que não há, pragmaticamente falando, muito a ser feito na fase do Danilo. Ele terá que se virar, se defender, defender o amigo ou não, enfim, fazer escolhas mais difícieis daqui prá frente. Faz parte do processo de crescer. É uma fase complicada, talvez ainda mais complicada para meninos, como sugeriu o zeca.

Pense que o mais importante você está fazendo: dialogar e relativizar as coisas. Ele vai fazer escolhas certas e inteligentes e aprenderá a evitar os conflitos.

bjs e bom fim de semana

4:25 PM  
Anonymous Anonymous said...

Assistir a um ato de violencia e não fazer nada acho q eu não conseguiria. Infelizmente muitas vezes não dá pra ir defender a vitima vc mesmo, por risco, mas acho q eu daria um jeito de avisar policia ou outra autoridade competente.
Beijos

1:34 PM  
Anonymous Anonymous said...

Regina,
Dá uma passada lá no blog. Tem algo que eu escrevi pensando em você.
bjs

1:33 PM  
Blogger oakleyses said...

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Blogger oakleyses said...

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7:17 PM  

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