Wednesday, August 22, 2007

A bunda do mundo?!

A pérola abaixo foi escrita por A. A. Gill para a revista Vanity Fair de setembro. Na capa, Gisele Bund(a)chen, o símbolo da beleza brasileira.

Rio: proudly, majestically, the butt of the world.” Pois é, car@s leitores, além das favelas, dos tiroteitos e das orgias carnavalescas, agora o Rio é a bunda do mundo.

Bravo, elites! Obrigado Caetano Veloso, Bebel Gilberto, Marisa Monte, belezas globais, socialites desocupadas e outras beldades afins por mostrar ao mundo do que é feito o Brasil.

A foto acima faz parte do ensaio fotográfico, embora pareça ter saido das páginas do Brasil colonial com os jovens negros entertendo a galera.

Sim, eu sei que se trata de uma revista de moda e que tudo tem de ser glamorizado e blá, blá, blá. Ainda acho tudo de extremo mal gosto.

Não foi possível linkar o original da matéria na revista. Desculpe-me pela falta de tradução. Tenho de dormir. Mas se alguém precisar de ajuda é só deixar um recadinho aí embaixo. Tive que copiar desse blog aqui. A moça do blog achou o texto brilhante!!!

Leia aqui sobre a reação no Brasil e veja o ensaio fotográfico.


"There are many ways of bisecting the world, of making binary distinctions between north and south, haves/have-nots, wheat/rice, Baywatch/Al Jazeera, shirt in/shirt out. But what is most interesting, most telling, is the division between the breast world and bottom world. The United States is right at the cleavage of the breast world. Breast Is Best. It is the wholesome American bosom, perky with promise. Breasts point at you from billboards, glossy pages, shopwindows, and while you're running for rush-hour taxis...The bottom world is most of the Southern Hemisphere and includes much of Africa, as well as the subcontinent of India and those parts of the Far East that stated a preference--as far as we can tell, the Intuit are bottom folk.

...then there's Latin America, booty country from the Rio Grande to Tierra del Fuego. The bottom world meets the breast world at the gringo border. Derriere mecca, Rearsville central, the vibrating, syncopating, sashaying, working-it, heaving seat of bottoms is Brazil. Rio: proudly, majestically, the butt of the world. The rapt adoration of bottoms by Brazilians is astonishing. It's the defining characteristic of Brazilian society....

In Brazil, they feel no pain, no responsibility. All they feel is impending great expectations, and buttocks. Ultimately, it's the vainest country on earth, besotted by the way it looks, its tan, its glutes, its bikini...Brazil looks in the mirror every morning and loves, just adores, what it sees. Imagine what that feels like."

25 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Olha, eu li a revista no papel e, se você ler a matéria inteira, percebe que a parte da bunda é mais uma brincadeira (ele divide o mundo entre os países que gostam de peito e os que admiram o traseiro) e o Gill falou de forma positiva do país... No ensaio fotográfico, há destaque para mulheres negras como uma atriz de novela bem jovem (não lembro o nome), a Taís Araújo e a Camila Pitanga, vestidas de forma bem glamourosa. Claro que elas são minoria - especialmente entre os modelos homens, só tem brancos (senti falta, por exemplo, do Walter Rosa, ai meus sais). Mais do que culpa da revista, eu acho que a culpa é da indústria da moda brasileira, que investe sempre nos modelos brancos em ambos os sexos. As personalidades da moda e da cultura brasileira retratadas ali são na maioria brancas porque essa é a elite nacional. Não acho que a culpa é da Vanity Fair, e sim da estrutura social cruel que o Brasil vive. Sinceramente, não acho que foi intenção da revista mostrar os funkeiros negros seminus como submissos, mas sim mostrar a beleza de seus corpos.

Vale também notar que o responsável pela produção das fotos da VF é negro. O exemplar anterior da VF foi um belíssimo especial sobre a África...

Enfim, sempre temos que estar atentos e criticar, mas eu acho engraçado é a crítica vir justamente da São Paulo Fashion Week, onde reina justamente o elitismo mais podre...

9:47 AM  
Blogger Regina said...

Leila,

Eu tb li a revista no papel numa livraria. E li o artigo na integra. Eu detestei o texto. Para inicio de conversa, eu nao gosto da ideia de dividir o mundo entre peitos e bunda.

Eu acho errado definir o Brasil como zona azul do Rio. Eu acho que esse tipo de coisa so contribui para reinforcar os estereotipos sobre o Brasil. Alem do que eu nao aguento mais essa ideia de que o Brasil se resume ao Rio de Janeiro (sol, carnaval, mulata e bunda) que os gringos adoram explorar e que o Brasil adora vender. Ainda que ele quisesse explorar esse mito do Brasil (ou do Rio, nesse caso) ser voltado para o corpo e para o proprio umbigo, acredito que ele poderia ter feito isso de forma mais elegante.

O fato de terem as globais Camila Pitanga e Tais Araujo no spread (eu tb vi todas as fotos) nao faz muita diferenca, especialmente quando logo depois tem a foto dos funkeiros naquele tipo de posicao com a galera de modelos brancos atras. Se foi intencao da revista ou nao, para mim e' o de menos.

Voce tem razao em dizer que isso retrata a elite brasileira (que e' branca) e e' culpa da industria da moda que so investe em modelos brancos. Mas porque tb so mostrar a elite? Eu nao vi o examplar sobre a Africa, portanto nao posso comentar.

Quanto ao responsavel pela producao de fotos ser negro, ate ai morreu o neves.

Mas voltando ao texto, dizer que no Brasil ninguem sente dor ou tem responsabilidade. C'mon Leila, o que que e' isso? Naturalmente, ele deve estar se referindo as elites que jogam ovos pela janela.

Esse tipo de comentario da impressao que no Brasil ninguem trabalha e tudo rola numa boa. Eu estou cansada dessas visoes unidimensionais e "oversimplified" do Brasil que eu vejo por aqui. O Brasil e' muito mais que Cidade de Deus ou carnaval no Rio.

Quanto a SP Fashion Week, a elite do Brasil e' podre, Leila, nao importa se ela e' do Rio, Sao Paulo, Salvador ou qualquer outro lugar.

Bjs.

Regina

10:50 AM  
Blogger Leandro said...

valeu Regina! Espero me divertir aqui!

Beijos,

Leandro

11:59 AM  
Anonymous Anonymous said...

"The rapt adoration of bottoms by Brazilians is astonishing. It's the defining characteristic of Brazilian society...."

Putz!! defining characteristic of Brazilian society é demais viu... Definir a sociedade brasileire pela sua "adoração a bundas"...

Também achei o fim dividir o mundo entre peitos e bundas. Interessante ver que a parte menos desenvolvida do mundo é definida como "bottom"...

Acho que a Denise vai ter um troço quando ver isso!

12:41 PM  
Blogger Regina said...

Leandro,

E' processo bem interessante, voce vai ver.

Bjs.

REgina

12:52 PM  
Blogger Regina said...

Alexandra,

E' realmente o fim da picada.

Ele tambem disse algo no genero, "a independência das mulheres brasileiras está diretamente relacionada aos seus traseiros." Wow!

Also, notice the way he describes de U.S. as the cleavage of the world, the wholesome American bosom, perky with promise. What a great and privileged place to be! The bottom, comprising the non-white and poorer countries, on the other hand, is by default defined as the primitive, the underdeveloped.

Infelizmente nao encontrei um jeito de linkar a materia inteira. Estou quase a ponto de comprar a revista (nao queria gastar dinheiro com essa porcaria) para escanear aqui.

Tambem estou curiosa para ver a reacao da Denise e da Ana Lucia sobre esse artigo.

Beijos,

REgina

1:22 PM  
Blogger Ana said...

Regina nao li o artigo, mas em geral essas matérias sao um lixo (ou leesho se preferirem :-), nao aguento mais Gisele Bundchen e turma. A parte da bunda me parece a pior de todas, mas sinceramente acho que se o gringo vê o Brasil como uma bunda, é porque essa elite nojenta que saiu nas fotos (Gilberto Gil incluido) vê a coisa assim. Se você tiver a matéria completa, eu gostaria de ler.

Aquela ediçao sobre a Africa, tinha coisas interessantes, mas com George Bush e cia, realmente fica dificil de acreditar. No caso da Africa, a vontade de explorar o "tema" pra aparecer é algo que ultrapassa a minha paciência.

Li num desses sitios que a gentalha carioca, estavam literalmente se estapeando pra aparecer no tal editorial, fizeram cobras e lagartos, mas quando a revista saiu se decepcionaram que a presença dos colunaveis tinha sido reduzidissima e que eles estavam de figurantes pros ensaios das modeletes...

Beijocas.

3:21 PM  
Blogger Regina said...

Ana,

Fico imaginando que teve ter sido como urubu na carnica (como diz a minha mae) com esse pessoal tentando fazer parte do ensaio.

Vou tentar escanear o artigo aqui. A danada da Vanity Fair nao disponibiliza o artigo online. Acho que vou ficar com a Contigo:-).

Beijos,

Regina

12:59 AM  
Anonymous Anonymous said...

A independencia das mulheres brasileiras estar relacionada com seus traseiros é ótima. Só falta dizer que a independencia da mulher americana é baseada no tamanho do peito dela. Tem que ser MUITO idiota pra escrever um texto desses!

6:02 AM  
Blogger Andréa said...

Eu acho que o lance de "peitos e bundas" se deve ao fato de que eh uma revista de moda. O texto nao poderia ser mesmo profundo nem excepcionalmente bem escrito. Na mesma revista, na materia sobre os mais bem vestidos, da vontade de vomitar, tamanha futilidade e desperdicio. Eh o tipo de revista que eu nao compro, nem leio, mas comprei dessa vez de curiosa mesmo, pela capa da Giselle e a materia sobre o Brasil. E o tom leve do texto e das fotos acabou melhorando o meu astral e auto-estima - ja que eles aqui ADORAM o Brasil - e eu naqueles dias estava muito borocoxo com tudo o que tem acontecido no Brasil. Lembre-se de que eh verdade sim, o brasileiro nao se preocupa demais (a nao ser com a beleza) e leva tudo no sarro. Isso eh culpa nossa, como o proprio site da SP Fashion Week falou. Se os brasileiros fossem um pouco mais responsaveis, nao haveria tanta corrupcao - e eu falo de corrupcao geral, desde os politicos ate os policiais, medicos, advogados...

6:28 AM  
Anonymous Anonymous said...

Eu so' acho que um texto praticamente comico, publicado na Vanity Fair, nao vai ser levado a serio pelos leitores como uma descricao definitiva do Brasil. Se isso tivesse saido no New York Times ou num programa jornalistico de TV, ai' sim eu me preocuparia. : )

8:37 AM  
Blogger bibi move said...

eu gostei do texto, principalmente porque esfacela a cara da burguesia bundalelê.
E fica super irônico ao lado das fotos, são todos uns dados, querendo aparecer na vanityfair e fazer sorrisinhos e a matéria toca o dedo na ferida.

8:56 AM  
Anonymous Anonymous said...

Regina:
O país do exótico, da selva, das multas. Estamos cheios de estereótipos e tem brasileiro que ainda acha isso bom. Só pode ser burrice.

12:13 PM  
Blogger Regina said...

Alexandra,

Sera que o silicone tb aumentaria a nossa independencia?

bj

Regina

1:07 AM  
Blogger Regina said...

Andrea,

Eu acho que o Brasil que eles adoram aqui e' um Brasil idealizado que na verdade nao existe.

Olha, eu acho que as pessoas que batalham e dao um duro danado sao responsaveis sim.

Quanto a corrupcao e a politicagem isso acontece direto tb aqui com consequencias muito mais disastrosas na minha opiniao.

Bjs

REgina

1:12 AM  
Blogger Regina said...

Bibi,

Voce tem razao. E' bem ironico esse texto ao lado daquele pessoal fazendo caras e bobas. Tudo bem ridiculo.

Bjs.

Regina

1:13 AM  
Blogger Regina said...

Leila,

Eu nao superestimando as leitoras da Vanity Fair. E eu ja vi coisa super esteriotipada tb publicada no NY Times.

Bjs.

Regina

1:16 AM  
Blogger Regina said...

Lino,

Para ser honesta uma das coisas mais irritantes em termos de mora fora e' lidar com a ignorancia e os estereotipos sobre o Brasil.

Que bom te ver por aqui.

Bjs.

Regina

1:18 AM  
Anonymous Anonymous said...

Regina,
Independentemente de ser um texto cômico, uma revista de moda e não um N.Y.Times e o artigo um 'leesho', acho que você tem toda razão nos teus argumentos. Certamente perpetua uma idéia estereotipada do Brasil. E a questão do Brasil ser a 'bunda do mundo' é idiota e entra na questão imperialista, sim: sul x norte; 1o mundo x 3o mundo; preto x branco; superior x inferior. E as partes do corpo, como a gente sabe, não foram escolhidas arbitrariamente.

Quanto ao Brasil ser isso mesmo e ninguém levar nada a sério, pôxa, o que é isso?? Será que há gente tão por fora que se esquece o quanto tem gente de valor aqui?? Que tem gente que trabalha MUITO, que é bem sucedida pelo seu trabalho, que o Brasil não é só feito de bundas e dessa elite ridícula. Sabe, eu não sou uma pessoa cega com relação ao país onde nasci, tampouco me considero bairrista ou sequer patriota (vide os meus posts sobre nação como lugar imaginários). Só, de fato, condeno injustiças e idéias limitantes e limitadoras.

Outra coisa já que falei tudo isso, morei fora do Brasil anos, viajei e ainda viajo. Usufruí do trabalho ferrado do meu pai (um cara super competente, inteligente e bem sucedido) quando era estudante e agora viajo porque trabalho MUITO e sou bem sucedida no que eu faço, portanto consigo, às vezes, usufruir do fruto do MEU trabalho AQUI no Brasil mesmo. Fico atônita quando alguém que mora fora se julga no direito de dizer que o Brasil é isso mesmo, que 'leva tudo no sarro'. Ou seja, que o Brasil é essa 'bunda'. Eu não sou assim e conheço muita gente que não é assim. E liçõezinhas baratas do que o brasileiro "é" ou "não é" é algo inaceitável para qualquer pessoa que tenha um mínimo de inteligência.

Generalizar é, em alguns casos, mais do que algo perigoso, é, a rigor, revelador do que a pessoa é.

Desculpe Regina, eu nem ia escrever, mas não pude me abster.

beijos,

Cris

9:25 AM  
Blogger Unknown said...

Nossa, quanta coisa! Regina, eu , assim como vc, odeio esteriótipo. Mesmo porque sofro com isso desde a muito tempo. Primeiro, pq tenho cabelos enrolados, aí tenho cara de "maconheira". Depois pq sou médica veterinária de 1,58 m de altura, acham que não dou conta do recado. Além disso, porque moro no Norte, em Rondônia, acham que tô por fora, que moro no meio da selva. Ai, tudo isso é tão desagradável. Cansa minha beleza. Beleza típica brasileira. Mas também não sou nenhuma "Gabriela, cravo e canela". Esse negócio de esteriótipo é mesmo um saco.
Entendo o que o brasileiro, de certa forma, é um povo "tranquilo", por assim dizer. Não que seja folgado, usurpador, cansado, essas coisas. Como tenho muito contato com pessoas de classe econômica baixa ou mesmo com pouco estudo, mas extremamente trabalhadores, vejo que são "tranquilos" no sentido de limitação de conhecimento (não sabem seus direitos) e quando sabem de seus direitos e deveres, acham melhor não causar polêmica, relevar. Vc me entendeu? Tô ruim para explicar isso... Acho que pecamos nesse ponto. E já vi muita gente, que exige seus direitos, serem taxados de cri-cris, chatos, essas coisas. Esse é um ponto da nossa cultura que acho que ainda irá amadurecer.
Beijos

4:13 PM  
Blogger Luma Rosa said...

Assisti uma matéria na tv assim que saiu a revista, mas foi tão superficial que fiquei com má impressão! Faltou dar nome as outras partes do mundo. Porque se Brasil é a bunda, quem será a cabeça? (rs*) Beijus

10:48 AM  
Blogger Regina said...

Cris,

Eu entendo perfeitamente a sua frustracao. Por isso e' que eu acho importante desafiarmos esses estereotipos quando estes vem a tona.

Bjs.

Regina

12:50 PM  
Blogger Regina said...

Flavia,

Imagino como isso deve ser chato para voce no seu dia a dia. Como voce disse essa questao do estereotipo acontece mesmo dentro do proprio pais.

Quanto as pessoas menos privilegiadas nao buscarem os seus direitos, eu acho que tem a ver com acesso a educacao, mas tambem com o fato dessas pessoas serem praticamente endoutrinadas a acreditar que elas nao merecem nada melhor. E' triste. Esse assunto daria um livro, que eu nao tenho a pretencao de escrever.

Bjs.

REgina

12:54 PM  
Blogger Regina said...

Luma,

Realmente o artigo e' pra la de superficial e de mal gosto. Hum quem seria a cabeca do mundo? Provavelmente, esse escritor que se julga tao bem informado sobre o mundo (rs).

Beijus,

Regina

12:56 PM  
Blogger oakleyses said...

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7:17 PM  

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