Wednesday, July 04, 2007


4 de julho

Hoje à noite eu fui ver os fogos de artíficio na marina de Berkeley em comemoração ao 4 de julho, dia da independência dos Estados Unidos. A polícia fecha a avenida que vai dar na marina e as saídas e entradas mais próximas da freeway. Cada cidade da área da baía de San Francisco organiza um show de fogos de artíficio e o céu fica coberto de fogos logo que anoitece. O show dura meia hora. Em Berkeley uma equipe profissional solta os fogos no final do pontilhão de onde se se pode ver a Golden Gate, a Bay Bridge e a cidade de San Francisco ao fundo. É muito bonito.

As pessoas estacionam longe e caminham por um viaduto que vai dar na marina. O viaduto estava lotado com gente de toda idade. Eu fui sozinha porque os meus filhos não gostam do barulho dos fogos. Caminhei pela multidão ouvindo muito espanhól, chinês e inglês entre outras línguas. Olhei ao redor e vi pessoas de diversas etnias, inclusive um menino indiano e sua família seguidores da religião Sihk, o pai com um turbante e o menino com um coquinho no alto da cabeça.

Esse é realmente um país de imigrantes. Eu me sinto muito à vontade na região onde moro porque estou sempre rodeada de outros estrangeiros. Essa diversidade humana é uma das minhas coisas favoritas sobre Berkeley e San Francisco. A universidade de Berkeley atrae profissionais do mundo inteiro. Uma vez eu estava em um playground com os meus filhos e haviam cinco línguas sendo faladas ao mesmo tempo. Mesmo em São Paulo, a minha cidade natal, que eu considero uma capital cosmopolita eu nunca vi tanta diversidade cultural e linguística.

Eu me tornei recentemente cidadã estadounidense sem desistir da minha cidadania brasileira. O requerimento para cidadania são cinco anos de green card, ou seja, cinco anos de residência permanente. Eu já estava aqui há vinte quando iniciei o processo no ano passado. Sempre tive uma resistência muito grande em aplicar para a cidadania por causa das minhas objeções ao governo desse país, especialmente o atual. Mas foi precisamente a aversão que sinto por esse governo o que me levou a aplicar para a cidadania. Finalmente poderei votar nas próximas eleições presidenciais e mal posso esperar. No mesmo dia da cerimônia eu já me registrei como votante. O voto aqui não é obrigatório como no Brasil. Eu nunca entendi a apatia política de muita gente por aqui que simplesmente não vota. É um direito que eu faço a absoluta questão de exercer.

No dia da cerimônia de juramento eu estava esperando uma overdose de patriotismo. Levantei-me cedíssimo para chegar a tempo no Masonic Auditorium, o mesmo teatro onde fui assistir Ojos de Brujo e Carlinhos Brown. No início da cerimônia houve hasteamento da bandeira e outras pompas cívicas do gênero. Foi com uma certa relutância que entreguei o meu greencard na entrada. Eu já tinha esse documento há tanto tempo que de certa forma sentia-me apegada a esse pedaço de plástico que sempre me garantiu o regresso a esse país.

Logo após a cerimônia eu já apliquei para o passaporte. Sempre gosto de ter todos os passaportes em dia, just in case. Nunca se sabe quando teremos que partir, nóia de imigrante, ou pelo menos dessa imigrante. Fiquei sabendo que teria que enviar o meu certificado de cidadania com a aplicação para o passaporte. Quando perguntei ao funcionário o que eu teria que fazer se fosse barrada em algum lugar agora que eu já não tinha mais o green card, ele disse com a maior convicção: “simplesmente diga que você agora é cidadã americana.” Eu respondi: “Tá bom que com o meu sotaque eles vão acreditar.” Bom, não fui barrada por ninguém e o danado do passaporte chegou depois de dois meses de espera.

Havia 1234 pessoas de 91 países participando da cerimônia. Foi emocionante quando alfabeticamente todos os países foram chamados. Cada vez que o nome de um país era mencionado as pessoas daquele país se levantavam até que pouco a pouco o auditório inteiro estava de pé para o juramento. O oficial da imigração então saudou a audiência em inglês, espanhól, francês, russo e tagalog, o idioma da Filipinas. Ele até se desculpou pelo seu francês macarrônico dizendo que havia apenas começado a aprender.

Por último um apresentador de uma das redes de televisão daqui fez um discurso para os novos cidadões. Esse apresentador imigrou para os Estados Unidos quando tinha apenas oito anos de idade. Ele fez um discurso comovente falando que ao adquirir a cidadania estadounidense não estávamos renunciando a nossa cidadania natal, mas sim acrescentando à mesma. E com essa combinação de heranças nós, os imigrantes, adicionávamos a nossa contribuição à riqueza cultural desse país. Eu me senti afortunada por estar na companhia de pessoas de tantos países diferentes que decidiram morar aqui. Fiquei imaginando quais foram as experiências que as trouxeram aqui e por um momento me senti completamente em casa sendo estrangeira e ao mesmo tempo cidadã.

8 Comments:

Blogger Simone said...

Engraçado, Regina. Coloquei um post ontem no meu bloguim falando justamente desse tema. Ainda não tenho direito à solicitar minha cidadania americana, mas assim q puder vou fazê-lo e uma das razões é exatamente a de poder votar e ajudar, de alguma forma, a melhorar esse país q me recebeu. E concordo plenamente c esse jornalista q vc citou - estamos adicionado uma cidadania, uma nova forma de viver e ver o mundo, acresentamos e não, dividimos ou subtraímos nada c isso!

8:51 AM  
Anonymous Anonymous said...

Regina,

Eu não tenho absolutamente nada contra ter a cidadania americana e as vantagens que você elencou são indisputáveis.
Não sei, no entanto, se eu ficaria emocionada como você. Eu sou um pouco fria com esse tipo de cerimônia nacionalista (vide meu post sobre a questão da nação), ainda mais quando se leva em conta a política contra os imigrantes do Bush e quando o Consulado Norte Americano trata os brasileiros aqui como verdadeiro lixo. É repulsivo.

bjs

11:57 AM  
Anonymous Anonymous said...

Oi Regina,

Eu escrevi sobre isso no meu blog um tempo atras (http://guerson.wordpress.com/2007/02/02/canadian-citizenship/).
No meu caso, sobre a aquisição da cidadania canadense. Por motivos parecidos com o seu, pedi a cidadania canadense mas não imaginei que a cerimônia seria nada de especial. O discurso da juiza na minha cerimonia foi de um angulo diferente - em vez de comentar sobre o quanto aquela cidadania acrescentava a nossa pessoa e que agora éramos parte daquela sociedade, ela falou mais em como nos admirava por sair de nosso paises, muitas vezes abandonando familia e amigos e tudo que conhecemos para vir para outro país. Que nós éramos dignos de honra, etc... Foi bem emocionante!

Bom, eu agora tenho 3 cidadanias....

1:03 PM  
Blogger Lili said...

Que difícil! Não me imagino mudando de nacionalidade. `Não mudei nem de nome quando casei. Nasci em Buenos Aires, mas sou brasileira porque meus pais me registraram no consulado brasileiro e minha mãe é daqui. Nunca me senti Argentina mas às vezes me sinto uma brasileira diferente. Se é por uma qualidade de vida melhor, acho que é uma boa conquista. parabéns!

7:29 PM  
Anonymous Anonymous said...

Não penso em morar em outro pais. Não sei se seria fácil deixar familia e amigos no Brasil. Acho q só iria se eu e meu namorado conseguíssemos uma proposta muito boa!
Beijos

3:35 PM  
Blogger Unknown said...

Voce nao deveria colocar a foto com o seu Certificate of Naturalization on line. Qualquer pode pegar o numero e falcifica-lo.

6:53 PM  
Blogger oakleyses said...

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7:23 PM  
Blogger oakleyses said...

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7:31 PM  

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