O verde violentou o muro

Hoje é Dia da Terra. Mas todo dia deve ser Dia da Terra. Cada um de nós - através das nossas escolhas diárias – faz parte do problema e também da solução. Tenho plena consciência da enormidade e da gravidade da situação atual do nosso planeta, mas hoje eu prefiro escrever sobre um projeto que me fez sentir esperança.

Na semana passada visitei um dos jardins comunitários da cidade de Berkeley com a classe do meu filho. Há dezenas desses jardins/hortas em Berkeley. O que visitei chama-se Peralta Garden. O terreno inicialmente pertencia a companhia de BART (metrô) e estava praticamente abandonado. Um dos residentes do bairro decidiu então organizar um jardim comunitário para as pessoas que moravam em apartamentos ou que moravam em casas onde não batia muito sol. Inicialmente, a companhia reclamou e se opôs ao projeto, mas com o tempo decidiu alugar o espaço para a cidade de Berkeley por uma quantia simbólica. Esse jardim existe há dez anos e há uma lista de espera de pessoas querendo participar.

Para participar a pessoa tem de pagar uma taxa de $25 por ano e voluntariar em mutirões duas vezes ao ano em troca de um canteiro onde pode plantar o que quiser. Os canteiros de flores pertencem a todos e todo mundo é encarregado de arrancar as ervas daninhas. É proibido o uso de pesticidas e todos os alimentos plantados ali são orgânicos. As pessoas geralmente plantam tomate, ervilha, abóbora, couve, chard, alface, etc.

Esses jardins beneficiam a comunidade de várias formas: facilitando a amizade e a cooperação entre os moradores do bairro; as pessoas economizam nas compras; os alimentos são frescos e não precisam ser transportados a longa distância; faz com que as pessoas tenham mais contato com a terra e mais controle sobre o que vai parar na sua mesa. Por último, os artistas do bairro se utilizam do jardim para expor as suas obras.

Quando eu era pequena o meu avô morava em um sítio em Minas. Nas férias eu o ajudava a debulhar feijão. Toda a tarde ele ia para a horta para pegar as verduras para o jantar: couve, alface, escarola, tomate. Tudo fresquinho e apanhado na hora.

Eu sempre fui muito urbana, mas já plantei tomate, alface e abobrinha no quintal aqui de casa com a ajuda dos vizinhos. Faz um tempo que eu não planto nada. Mas após visitar essa horta me deu vontade de recomeçar.

Esse post faz parte da blogagem coletiva sobre o Dia da Terra.