Monday, September 11, 2006


Gandhi e 11 de setembro

Há cinco anos eu acordei de manhã com um telefonema do Brasil. Era a minha irmã pedindo para eu ligar a televisão e ver o que estava acontecendo em Nova York. Por causa da diferença de fuso horário - três horas a menos onde moro – eu ainda estava meia dormindo. Quando liguei a televisão pensei que se tratava de um desses filmes de Hollywood cheio de explosões e pânico. Mas dentro de alguns minutos, outro avião atingiu a segunda torre e foi quando eu me dei conta que as imagens eram ao vivo.

Mas no aniversário dessa tragédia, eu prefiro enfocar a minha energia num outro aniversário. Há cem anos, no 11 de setembro de 1906, Mahatma Gandhi deu início ao movimento de resistência pacífica quando reuniu três mil pessoas na África do Sul para combater as políticas racistas daquele governo de maneira não violenta.

Durante uma entrevista no programa Democracy Now, Arun Gandhi, neto de Mahatma Gandhi e co-fundador do MK Gandhi Instituto para a Não-Violência em Memphis no Tenessee, disse o seguinte:

“Violence is not really our nature. If violence was our nature, we wouldn't need military academies and martial arts institutes to teach us how to kill and destroy people. We ought to have been born with those instincts. But the fact that we have to learn the art of killing means that it's a learned experience. And we can always unlearn it.”

“Violência não é natural. Se violência fosse algo natural, nós não precisaríamos de academias militares e institutos de arte marcial para nos ensinar como matar e destruir gente. Nós teríamos nascido com esses instintos. Mas o fato de termos de aprender a arte da matança significa que essa é uma experiência que é aprendida. E nós sempre podemos desaprendê-la.”

Espero que ele esteja certo.

Foto: Tipp13, Flickr
Strawberry Fields Forever, Central Park, Nova York

9 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Quando os aviões atigiram as torres meu filho estva por ai, e eu aqui fiquei desesperada até poder falar com ele.
Até quando teremos tantas guerras, lutas e violencia?
É verdade a violencia não é da nossa natureza, porque continuamos deste modo. Sem contar na quantidade enorme de violencia que vemos na tv atraves de filmes e outros programas.
Deve ser muito mais fácil pregar o amor, mas tem pessoas que insistem no contrário.
Beijos

7:42 AM  
Blogger Denise Arcoverde said...

Eu também não quis mais falar do 09/11, acho que a lembrança do Ghandi é, sem dúvida, muito mais interessante. Mas, tenho minhas dúvidas se não somos, naturalmente, mais violentos que gostaríamos de acreditar, algumas pessoas vivem em eterna belicosidade, será que os hormônios e neurotransmissores não têm algo a ver com isso também?

Beijão, querida!

9:00 AM  
Blogger Regina said...

Elizabeth,

Imagino o stress que voce deve ter passado. A minha cunhada trabalha em Manhattan. Eu tambem fiquei super nervosa. So' sosseguei quando consegui falar com ela.

Eu acho um problema a glamorizacao da violencia em filmes e na televisao. Acredito que isso contribui para a banalizacao da violencia e como consequencia as pessoas passam a aceitar violencia como uma coisa natural.

Bjs.

Regina

1:39 PM  
Blogger Regina said...

Denise,

Eu acho que o potencial para violencia existe em cada um de nos. Esse potencial vem a tona quando a questao e' a sobrevivencia. Por isso, eu acho importantissimo combater a miseria porque ela e' terreno fertil para o fanatismo religioso e a disputa por territorio.

Penso tambem que em alguns casos, como os de "serial killers" provavelmente tem a ver com desiquilibrio quimico e historico familiar. Mas eu acho que a violencia que a gente ve em guerras tem mais a ver com o treinamento e a lavagem cerebral a qual os soldados sao submitidos. De uma maneira mais sutil, a midia e o governo fazem o mesmo com a populacao porque usam o medo e a propaganda para convencer a povo da necessidade de se ir para a guerra.

Beijos,

Regina

1:50 PM  
Anonymous Anonymous said...

Regina,
tb. espero que ele esteja certo.

2:15 PM  
Blogger GÊNERO CINEMATOGRÁFICO said...

Com certeza a energia da lembrança de Ghandi sempre faz fluir o melhor!
E ainda fiquei mais sabida com as informações da data rs
bjs

6:01 AM  
Anonymous Anonymous said...

Regina,
Adoraria acreditar que a violência é uma coisa "aprendida" mas não acredito. Diversas civilizações em diferentes épocas e continentes repetem ciclos de violência extrema contra certos grupos de minoria. Muitos antropólogos e sociólogos já se debruçaram sobre o assunto. Um estudo clássico (e diria bem necessário) é "Violence and the Sacred" de René Girard. Ele diz, por exemplo que esses grupos de minoria (virgens, meninos, etc, depende do povo/período) funcionam como "vítimas sacrificiais" (+- como "scape goats), i.e., pagam pelo pecado de um determinado povo, tribo (etc.), efetuando uma espécie de "purificação". Quando a violência chega a níveis extremos, o ciclo exaure e inicia-se outro ciclo.
Estou simplificando enormemente só p/ sustentar o que eu penso. O Gandhi era um cara muito inteligente, educado, disciplinado, dotado de uma bondade e generosidade sem tamanho. Uma pessoa muito iluminada que conseguiu iluminar uma nação e realizar feitos impressionantes, diria mesmo um Cristo da nossa época. Quantos Gandhis conhecemos? :-(
Enfim, há inúmeros estudos que indicam que se as crianças crescessem "sózinhas", sem nenhum contato com adultos e c/ a civilização, elas seriam altamente violentas. Vc leu "Lord of the Flies" (prêmio Nobel de Literatura da década de 70 ou 80, não lembro bem)? Pois é exatamente sobre isso que esse livro aterrorizante fala.

Enfim, as diversas maneiras que o ser humano usa para ser violento é aprendida/construída socialmente, como vc apontou. Mas a violência é um instinto primitivo que emerge em ciclos e é terrível tanto no âmbito doméstico quanto no âmbito público.

Eu tenho muitos questionamentos sociais e tenho necessidade de pesquisar para poder entender o que acontece com a nossa sociedade.

Última coisa (juro!), uma manifestação totalmente inusitada de violência é a female suicide bomber. Tem muita gente pesquisando o lado sociológico do assunto.

Falei demais, né?? Putz é falta de interlocutor... Desculpas, tô sentindo falta de ter com quem conversar sobre essas coisas.

Bjs,

Cris

9:26 AM  
Blogger Regina said...

Cris,

Voce nao falou demais, nao! Eu adoro os seus comentarios.

Muito interessante tudo o que voce disse. Eu tambem acho que a semente da violencia existe em cada um de nos e que o ser humano (a crianca) precisa ser socializada para aprender a nao engajar em comportamento violento.

Esse negocio de "vitimas sacrificiais" e' incrivel, hein? Eu estava a par disso, embora nao tenha lido o livro que voce mencionou. Vou checar.

As vezes eu me sinto muito pessimista quando penso sobre a condicao humana. Acho que o ser humano e' capaz de produzir coisas incriveis, mas e' ao mesmo tempo capaz de cometer atos extrememante crueis.

Quanto ao fenomeno do "suicide bomber" e' muito dificil para eu entender o que pode levar alguem a cometer um ato tao extremo. Eu ate entendo quando isso acontece entre jovens palestinos que se sentem roubados da sua cidadania e nao vem outra saida. E' um ato de desespero. Mas por outro lado, eu nao entendo o aspecto religioso da coisa. I can't relate.

Enfim, tudo isso e' muito complexo e interessante. Quanto a filosofia da nao-violencia, eu vejo isso mais como uma escolha pessoal, um "commitment."

Beijos saudosos,

Regina

2:33 PM  
Blogger oakleyses said...

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6:06 PM  

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