Friday, June 29, 2007


Où est la frontière ?

No ano passado, segundo a BBC, aproximadamente 30 mil pessoas tentaram chegar às Ilhas Canárias em barcos procedentes da costa oeste da África. Centenas morreram afogadas, enquanto outras morreram tentando atravessar o deserto para chegar à Mauritânia ou a Líbia de onde saem os barcos.

Fico imaginando que despero pode levar alguém a arriscar a própria vida na esperança de um futuro melhor. Eu conheço brasileiros aqui que atravessaram a fronteira com o México a pé no meio da noite.

Amadou et Mariam (avec Manu Chao) - Senegal Fast Food


"Il est minuit à Tokyo, il est cinq heures au Mali
Quelle heure est-il au paradis?
...
Dakar, Bamako, Rio de Janeiro
Où est le problème ?
Où est la frontière ?"

Leia a letra de Senegal Fast Food aqui.
Foto: BBC World News

Thursday, June 28, 2007


Be

Sometimes I feel like an empty vessel

Winds howling through my body

I am an invisible ghost walking through the streets

Watching everything go by

My life, a distant post

Sometimes I feel like I am a bridge

Words running through my mouth

Translating experiences

Connecting people

Even when I am not fully there

I love big cities

Where I can just be

Ser

Às vezes sinto-me com uma nave vazia

O vento uivante atravessando o meu corpo

Fantasma invisível caminhando pelas ruas

Vendo tudo passar

Minha vida, posto distante

Às vezes sinto-me como uma ponte

Palavras (es)correndo pela minha boca

Traduzindo experiências

Conectando pessoas

Até mesmo quando não estou totalmente presente

Adoro cidades grandes

Onde posso simplesmente ser

Fevereiro, 2006

Escrevi esse poema refletindo sobre o meu trabalho como intérprete e sobre a anonimidade das grandes cidades.

Foto: San Francisco Bay Bridge tirada no domingo passado.

Monday, June 25, 2007

Imigrante

Dia 25 de junho foi o Dia do Imigrante. Eu me tornei imigrante acidentalmente quando decidi não regressar ao Brasil depois de estar aqui por um tempo. Na verdade, ao invés de imigrante eu me tornei cidadã do mundo.

Morar fora para mim tem sido uma experiência transformadora. Sempre fui uma pessoa muita aberta e interessada em outras línguas e culturas. Sempre gostei de conhecer “estrangeiros” e aprender sobre terras longínquas.

Eu nunca tinha me imaginado na Terra do Uncle Sam, mas o coração é cheio de surpresas. Primeiro, eu descobri que os Estados Unidos é muito mais que política externa, capitalismo ou a ignorância de alguns políticos. Passei a ser mais cautelosa e a evitar generalizações, pois não se pode julgar alguém pelo país onde nasceu ou pelo passaporte. Aprendi também que muitas vezes é possível ter mais em comum com alguém de outro país que com os meus conterrâneos. Compartilhar do mesmo idioma e passaporte não garante nada, muito pelo contrário. Eu acho nacionalismo perigoso e para mim cada vez mais irrelevante. Não estou aqui me referindo ao carinho e ao apego às raízes culturais.

A minha jornada é um caminho sem volta. Quando fui ao show de Ojos de Brujo e Carlinhos Brown outro dia, eu notei que muitos brasileiros não deram a mínima para a banda espanhola e receberam Carlinhos com um fervor quase patriótico. O rapper da banda espanhola agradeceu a platéia em inglês, espanhól e português. Eu achei o gesto carinhoso.

É uma pena como as pessoas se fecham e se limitam à sua cultura de origem. Elas não se dão conta do quanto estão perdendo. Eu conheço brasileir@s que vivem aqui como se estivessem vivendo no Brasil. Alguns já estão aqui há bastante tempo, mas não falam nada de inglês. Eles só se associam com outros brasileiros, comem as mesmas comidas que comiam no Brasil e trabalham com outros brasileiros. Esse tipo de isolamento cultural acaba por gerar intrigas e facilitar a exploração entre os membros da própria comunidade. Eu sempre acabo me sentindo estrangeira nesse tipo de ambiente.

Muitas pessoas sabem que há aulas de inglês à noite e de graça. É verdade que muitas delas trabalham muito tentando juntar dinheiro para mandar para a família no Brasil ou para economizar na esperança de regressar ao Brasil. Mas, ao mesmo tempo, é quase como se aprender o idioma e se aventurar fora da comunidade significasse a derrota frente à cultura dominante, a assimilação, o abandono do país de origem. É admitir a condição de imigrante.

Na minha opinião, o mínimo que se pode fazer quando se decide morar no exterior é aprender o idioma e conhecer um pouco da cultura local. Na verdade, no caso da área de San Francisco são muitas as culturas diferentes.

Infelizmente, a tendência de muitos brasileiros é de não se associar nem mesmo com os outros Latinos por preconceito, ignorância ou sentimento de superioridade em relação ao Brasil. É lamentável porque a imigração de brasileiros para os Estados Unidos, especialmente na costa oeste, é bem mais recente que a de outros grupos como os mexicanos e centro americanos, por exemplo. A meu ver, a comunidade brasileira só tem a ganhar em estabelecer uma aliança com a comunidade latina que já está mais estabelecida nesse país.

Na minha opinião, para brasileiros morando nos Estados Unidos se identificar como brasileiros e latinos, é uma questão política não só por se tratar de um gesto solidário com outros imigrantes latinos, mas para o próprio benefício dos imigrantes brasileiros. Dessa forma os brasileiros poderiam se beneficiar da experiência desses outros grupos e obter maior poder de barganha.

“Latin@” é um conceito que só faz sentido no contexto das relações raciais e de etnia nos Estados Unidos. Nesse contexto, latin@ significa vindo de um país da América Latina. O Brasil fica na América Latina, portanto somos latinos. Eu também prefiro o termo latin@ ao invés de hispânico por considerá-lo mais adequado. É também o termo mais utilizado em círculos mais progressistas.

Finalmente, no processo de me tornar imigrante/cidadã do mundo eu descobri que sou mais como uma cebola, com camadas e camadas de identidades. Mas o miolo da cebola é um miolo como qualquer outro miolo vindo de qualquer parte desse planeta.

Foto: Berkeley Marina, acidente fotográfico. ;-)

Atualização:

A Alexandra escreveu (em inglês) um post excelente sobre a sua experiência morando no Canadá e a Cris escreveu um post brilhante sobre o conceito de nação.



Sunday, June 24, 2007

Gay Pride Parade - San Francisco

O dia foi lindo e a cidade estava super colorida e festiva.
Eu me diverti muito numa das pracinhas onde havia um dj.

Ojos de Brujo e Carlinhos Brown

Nesse sábado foi o último show da temporada de primavera do San Francisco Jazz Festival. Foi um double bill: Ojos de Brujo, uma banda de Barcelona, e Carlinhos Brown.

Ojos de Brujo é uma das minhas bandas favoritas no momento. Os músicos são muito talentosos e criativos, mesclando flamenco, hiphop e eletrônica. Eles tocaram primeiro. Eu dancei até me acabar no corredor mesmo.

Carlinhos Brown fez o possível para se comunicar com a platéia em inglês. Foi gentil da parte dele mas muitas vezes foi difícil de entender o que ele estava tentando dizer. Como a primeira banda foi super criativa, a apresentação dele me pareceu repetitiva. Ele cantou as canções dos Tribalistas que eu gosto, mas ainda assim, o ritmo de carnaval me cansa depois de um tempo.

Os músicos estavam vestidos de marujo. As duas cantoras fazendo o background estavam vestidas numa combinação de oficial da marinha (com quepe militar e tudo) com garota de programa. Por cima da roupa elas estavam usando uma espécie de espartilho de lantejoulas. A combinação toda fez com que elas parecem uma imitação barata de dominatrix. Só faltou o chicotinho. Não aguento mais esse clichê da mulher brasileira sempre reduzida a objeto sexual. A imagem é tão exagerada que para mim deixa de ser sensual.

No final ele convidou algumas pessoas da audiência para o palco. Uma delas começou a simular um lap dance. Ela se abaixou na frente dele como se estivesse pronta para abrir as calças dele e devorá-lo ali mesmo. Gente, não acreditei que essa mulher teve a coragem de fazer isso num teatro super chic na frente de todo o mundo.

Acho que até ele ficou surpreso. Mas ele foi super fino. Ele simplesmente lhe deu a mão fazendo-a ficar de pé, agradeceu-lhe pela dança e começou a dançar com ela como se estivessem em um baile daqueles que a gente dança junto, mas com uma certa distância. Eu achei de uma elegância incrível. Fiquei pensando, espero que aquela mulher não seja brasileira. O pior é que provavelmente, ela era.

O ponto alto do show dele, na minha opinião, foi quando ele cantou uma balada. Ele começou sozinho e sem o microfone. Foi muito bonito. Depois de tanta festa e ritmo de carnaval o povo ficou tão quieto que deu para ouvir até o ar condicionado.


Friday, June 22, 2007

K.D. Lang
Em homenagem ao Pride Week que está acontecendo por aqui, K.D. Lang interpretando uma das minhas canções favoritas de Joni Mitchell, Help Me. Embora eu não seja fã de música country, um dos pontos fortes de Lang, tenho que admitir que ela tem uma voz muito bonita e distinta. Eu também gosto da sua aparência adrôgina. Felizmente, ela também canta em outros estilos.

Além do seu talendo musical, K.D.Lang é também conhecida pelo seu ativismo. Ela “saiu do armário” em 1992 e desde então tem trabalhado em favor das causas gay e lésbica, incluindo as áreas de pesquisa sobre o HIV e AIDS. Ela é vegetariana e já participou de campanhas pelos direitos dos animais. Meat Stinks (Carne Fede), uma dessas campanhas, gerou controvérsia na região pecuária de Alberta, no Canadá, onde ela foi criada.

Bom fim de semana!

Thursday, June 21, 2007

Solstício

Hoje marca o solstício no hemisfério norte, o dia mais longo do ano. Hoje também faz 18 anos que eu e meu marido nos conhecemos. Pode parecer muito tempo, mas para mim não parece tanto tempo assim. Continuamos crescendo juntos e ainda nos divirtimos muito.

Pensando nessa data, eu escrevi esse poema bobinho ontem.

Dose diária de humor

Para viver um grande amor

É preciso muita coragem

O momento propício

A química exata

As palavras bem escolhidas

E uma boa dose de libidinagem


Para o amor sobreviver, no entanto,

É preciso esquecer o pudor

Sem perder o mistério

É preciso descobrir a medida exata

Entre a solidão e o reencontro

Mas mais importante que tudo

É uma dose diária de humor


Imagens: Gustav Klimt - Die Erfullung, Google Images.

Nossa primeira foto juntos no clube de jazz onde eu trabalhava.

Wednesday, June 20, 2007


Dia do Refugiado

Dia 20 de junho é o Dia do Refugiado. A BBC Brasil publicou uma série de artigos relacionados ao tema hoje:

Vida Nova

O Brasil receberá no final de agosto 96 refugiados palestinos que viviam no Iraque. A informação foi divulgada nesta quarta-feira pelo Comitê Nacional para Refugiados (Conare) e pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur).Os palestinos moravam em diversas cidades do Iraque e fugiram para a Jordânia em 2003. Desde então, moram no campo de refugiados de Ruweished, em um deserto a 70 quilômetros da fronteira com o Iraque.Segundo o Acnur, o campo controlado por autoridades jordanianas oferece péssimas condições de sobrevivência, pois está infestado de escorpiões. Além disso, o governo controla a entrada e saída dos refugiados, que têm poucos direitos.

Leia mais aqui.

Brasil poderia ter 17 mil refugiados colombianos

O número de refugiados colombianos no Brasil poderia chegar a 17 mil, caso as pessoas que fugiram do conflito para o território brasileiro tivessem sua situação reconhecida oficialmente, segundo estimativas da agência da ONU responsável pelo assunto.
Se a estimativa do Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur) estiver correta, o número refugiados colombianos de fato no Brasil seria 37 vezes mais alto do que os 452 reconhecidos oficialmente pela ONU e pelo governo brasileiro.
"Hoje, essas pessoas (que não têm o status oficial) são consideradas em situação de necessidade internacional. Não sabemos ao certo se deixaram seu país por razões políticas, econômicas, ou quaisquer outras razões", afirma o porta-voz da Acnur em Genebra, William Spindler.
"Mas achamos que a razão foi a violência na Colômbia, e que elas poderiam obter o status de refugiados se formalizassem o pedido."

Leia mais aqui.


Drama Ambiental

Pelo menos 1 bilhão de pessoas serão forçadas a deixar suas casas até 2050 devido às mudanças climáticas no planeta, prevê um relatório divulgado pela agência internacional de ajuda humanitária Christian Aid.
A grande maioria desses imigrantes será proveniente de países pobres e será afetada por enchentes, secas e fome, segundo o levantamento da ONG britânica Human tide: the real migration crisis.
Mali, localizado no deserto do Saara, na África, seria o país onde a ameaça do aquecimento global é mais imediata.

Leia mais aqui.

A Grace, que trabalhou com refugiados em Moçambique, escreveu um post excelente sobre sua experiência.

Foto: Banco de imagens da BBC, via Google Images.

Tuesday, June 19, 2007

Qualquer maneira de amor vale amar
Take Action Against Hate Crimes


Hoje recebi uma e-mail com esse vídeo e uma carta para ser encaminhada para a senadora do meu distrito para pressionar o governo em aprovar um projeto de lei para lidar especificamente com crimes de ódio (hate crime) associados à orientação sexual de suas vítimas. De cada seis crimes de ódio ocorridos nos Estados Unidos um é motivado pela orientação sexual da vítima. No entanto, ainda não existe nenhuma lei lidando especificamente contra esse crime de ódio.

O vídeo acima foi produzido pela equipe da cantora Cyndi Lauper em apoio à Campanha pelos Direitos Humanos (HRC) para conscientizar as pessoas sobre o Matthew Sheppard Act. O nome desse projeto de lei presta homenagem ao jovem gay que durante uma noite de inverno no estado do Wyoming foi roubado, brutalmente espancado e amarrado numa cerca, para ficar ali até morrer. O vídeo True Colors está sendo apresentado nos shows da cantora em todo país.

Quando eu fico irritada com a Parada de Orgulho Hétero não é porque eu acho que alguém não deve se sentir orgulhoso da sua orientação sexual ou porque eu só acredito em liberdade de expressão quando é conveniente. Eu fico irritada porque embora a Parada de Orgulho Gay e Lésbica (LGBT) seja associada com muita festa, cor e alegria o mundo não é receptivo assim em relação aos homessexuais no dia a dia. Heterossexuais não tem escutar piadinhas bestas por causa da sua orientação sexual ou virar objeto de chacotas. Heterossexuais podem demonstrar afeição pelo seu amado ou amada em público sem medo de ser agredido. Heterossexuais podem adotar crianças sem receio de serem julgados pela sua orientação sexual. Heterossexuais podem se casar se decidirem que é isso que eles querem fazer. Eu poderia continuar enumerando outros “benefícios” de ser heterosexual, mas acima de tudo, heterossexuais não correm risco de vida simplesmente por serem heterossexuais.

Então, como uma pessoa heterossexual, eu não sinto a mínima necessidade de expressar o meu “orgulho” na minha orientação sexual. Afinal, já que faço parte da maioria não preciso me afirmar publicamente. O meu armário tem portas abertas e eu nunca preciso me esconder dentro dele. O que eu prefiro fazer é me aliar aos meus amigos e amigas que sofrem discriminação por serem homossexuais. Eu não preciso ser gay ou lésbica para demonstrar o meu apoio à causa LGBT porque para mim é uma questão de justiça, de igualdade e de direitos humanos. Ninguém deve ser discriminado por amar alguém, seja do mesmo sexo ou não, porque qualquer maneira de amor vale amar.

Monday, June 18, 2007

Orgulho gratuito

Li essa notícia publicada na Folha Online de domingo via minha amiga Laura do Caminhar. Um grupo de gatos pingados resolveu criar a Parada de Orgulho Hétero. A iniciativa é tão rídicula que dispensa comentários. Será que esse grupo de Mauricinhos e Patricinhas se sentem ameaçados pelo sucesso da Parada Gay e temem que os gays e lésbicas vão tomar conta da cidade?

Senti orgulho de ser brasileira e ainda mais paulistana ao ver as fotos da parada gay em São Paulo que bateu todos os recordes. No domingo que vem será a vez de San Francisco e eu estarei lá fotografando.

Segue aqui um trecho da notícia:

Parada Hétero pede "liberdade" e critica dinheiro público na Parada Gay
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SÉRGIO RIPARDO Editor de Ilustrada da Folha Online Uma família de classe média do ABC paulista e seus amigos fizeram, na tarde deste domingo (17), a primeira "Parada do Orgulho Heterossexual" de São Paulo, na calçada do vão do Masp (Museu de Arte de São Paulo), na av. Paulista. O "movimento" foi convocado, no começo da semana, por uma comunidade homônima no Orkut, site de relacionamentos. Os participantes querem apoio oficial para montar shows e já brincam planejando bater "recorde" em 2008.

Criticado por organizar a iniciativa, uma semana após a realização da Parada Gay, o grupo esclareceu que pretende apenas defender a liberdade de expressão, sem nenhum tipo de apoio à homofobia. Mas houve críticas ao apoio oficial do governo à Parada Gay.

Leia o artigo na íntegra aqui.

Foto: Folha Online

Sunday, June 17, 2007


Dia dos Pais nos E.U.A.

Hoje foi Dia dos Pais nos Estados Unidos e em vários outros paises. Sempre quis saber porque o Dia dos Pais é comemorado aqui em junho e não em agosto como no Brasil.

Segundo a Wikipédia, o primeiro Dia dos Pais nos Estados Unidos foi celebrado no dia 5 de julho de 1908 em Fairmont, no estado de West Virginia. A data foi celebrada em uma igreja para celebrar as vidas de 361 pais que foram mortos numa explosão em uma mina no mês de dezembro do ano anterior. Muitos desse homens eram imigrantes recem chegados da Itália. Acredita-se também que o Dia das Mães que havia sido comemorado recentemente também contribuiu para a criação do Dia dos Pais.

Uma mulher chamada Sonora Smart Dodd, nascida no estado de Washington também fez campanha para a criação do Dia dos Pais. Inicialmente, ela queria prestar uma homenagem ao seu pai, um veterano da guerra civil que criou seis filhos sozinho. Ela também se inspirou em Anna Jarvis, uma das mulheres responsáveis pela criação do Dia das Mães nos Estados Unidos.

Ainda assim, eu gostaria de saber porque o Dia das Mães é comemorado mundialmente na mesma data e o Dia dos Pais não. Alguém tem alguma idéia?


Uma das coisas mais lindas para mim em homem é sua capacidade de ser amoroso, interessado e participativo com os filhos. Para mim isso demonstra maturidade e altruísmo.

Hoje eu presenciei uma cena tão bonitinha. Eu estava numa loja com a minha filha conversando em português quando reparei que uma menininha estava nos olhando. Logo depois veio o pai dela. Ele era brasileiro e estava procurando uma saia-shorts para a filha. Eu brinquei dizendo que no Dia dos Pais era ele que estava comprando um presente para ela. Ele riu e disse que era isso que ele queria fazer no Dia dos Pais: dar um presente para ela porque para um pai o melhor presente são os filhos!

Ter um bom pai é também uma dádiva que muita gente não tem a sorte de ter. Mas posso dizer com confiança que nesse ponto os meus filhos são afortunados.

Arte: Larry Poncho Brown, via Google Images


Bola de fogo e copo de leite rosa

Ainda bem que registrei algumas fotos lindas para compensar o cansaço da manhã de sabado.

O por-de-sol hoje estava impressionante. Por causa do fog, um tipo de neblina bastante comum por aqui, o sol ficou parecendo uma bola de fogo suspensa no ar gradualmente desaparecendo no horizonte.

Sempre carrego uma máquina digital comigo. Nunca se sabe o que se pode encontrar na caminhada até o supermercado para comprar leite. Pois é, virando a esquina de casa eu me deparei com um pé de copo de leite rosa sob uma luz na entrada de uma garagem. A luz era tão forte que não precisei usar flash.

Bom domingo para todos e para os meus queridos leitores e leitoras que deixaram comentários nos posts abaixo eu finalmente respondi.


Saturday, June 16, 2007


CBEST ou See Best?

Hoje levantei super cedo, atravessei a Bay Bridge em pleno nevoeiro matutino (típico de San Francisco) para fazer um exame que levou quatro horas. Foram 50 perguntas de inglês lidando com interpretação de texto e de estilo de linguagem; 50 de matemática com um pouco de tudo (frações, decimais, percentagem, problemas analíticos, etc); e para terminar, dois ensaios sobre assuntos diferentes. Esse exame chama-se CBEST e é o teste mandatório para pessoas que querem trabalhar como professores substitutos.

Eu já fiz tanto exame na minha vida. No Brasil, eu fiz o vestibular da USP e de uma outra universidade particular. Eu me lembro da tensão antes do teste e da exaustão depois. É impressionate a quantidade de informação e de preparo que o vestibular requere do estudante.

Aqui eu fiz o TOEFL e o GRE. O TOEFL é o teste para avaliar a proficiência em inglês de canditatos cuja língua materna não é o inglês. O GRE é o teste requerido pelos programas de pós-graduação na área de humanas. Os testes variam de nome e conteúdo em outras áreas como direito, medicina e administração de empresas.

A minha experiência com o TOEFL foi surreal. Eu já estava morando aqui há quatro anos quando apliquei para um programa de pós-graduação, portanto já tinha um bom comando da língua inglesa. Acontece que durante a data do exame seria administrado eu estava passando o verão na Alemanha. Esse teste pode ser feito que vários paises do mundo e eu não queria perder o prazo para aplicar para a universidade. Então resolvi fazer o meu teste na Alemanha mesmo. Mas tinha um pequeno detalhe: na época eu não entendia quase nada de alemão.

O local do exame ficava em Colônia, umas duas horas de distância de onde eu estava. Levantamos às cinco da manhã e vimos o sol amanhecer na estrada espalhando uma luz dourada sobre campos de girrasóis e outros de feno enrolado em pilhas. Essa é uma das imagens mais lindas que tenho da Alemanha.

Quando cheguei no local do exame, as instruções foram dadas todas em alemão. Tive que fazer o maior esforço para entender. Por outro lado, o teste foi facílimo para mim. No final, Kai estava me esperando com um buquet de girassóis lindo.

Já o GRE é de dar nó na cabeça. Pelo que eu me lembro as questões eram mais de cunho analítico que de conhecimento geral. Acho que a idéia é testar a capacidade lógica do candidato. Nesse tipo de exame não existe ser aprovado ou não. As universidades julgam a competência dos candidatos pela score, ou seja, pelo número de pontos acumulados em três áreas: verbal, quantitativa e analítica. Ainda bem, que além do GRE, as universidades também levam em consideração cartas de recomendação e o statement of purpose do candidado explicando porque está aplicando para aquele departamento. Ao contrário eu estaria frita!

Fotos: Detalhes de um dos murais que fotografei no caminho de volta e a Bay Bridge vista do meu volante hoje cedinho demais para o meu gosto.

Friday, June 15, 2007

Feliz Aniversário! Alles Gute, Schatz!

Kai,

May you continue to bring joy to the world with your music, your compassionate spirit and your faith in life. You shine!

Ponta de Areia - Visto pela primeira vez





Thursday, June 14, 2007

A Terra Vista do Céu
Queria estar em Bruxelas para ver essa exposição com imagens do projeto "A Terra Vista do Céu", do fotógrafo francês Yann Arthus-Bertrand. A BBC Brasil publicou dez das imagens. Eu sei que não é a mesma coisa ver essas fotos na telinha do computador mas é melhor que nada. A a iniciativa partiu do ministério de Meio Ambiente da Bélgica com o objetivo de chamar atenção para problemas ambientais. Vale a pena ver as fotos e ler a descrição.



Wednesday, June 13, 2007


Rosie

No dia 13 de junho Rosita, nossa outra gata, fez quatro anos. As crianças gostam de saber a data de aniversário dos bichinhos porque afinal eles são parte da família. Descobri a Rosie online. Alguém estava oferecendo gatinhos de graça. Aqui custa mais de $100 para adotar um bichinho na Sociedade Protetora dos Animais ou na Milo Foundation, uma organização que resgata gatos e cachorros abandonados. Adotamos a Rosie e sua irmã Sammy. Ainda me lembro das crianças segurando os gatinhos no bando de trás do carro e escolhendo os nomes. Sammy infelizmente foi atropelada quando tinha somente dois anos e morreu nos meus braços. Até hoje sentimos sua falta.

Foi a segunda vez que perdi um bicho de estimação na minha vida adulta. Na primeira vez, a gata já tinha 18 anos e como ela estava muito doente o veterinário recomendou a eutanásia. Foi a primeira vez que os meus filhos tiveram que lidar com a morte de um ente querido. Eles fizeram desenhos para a gata e ajudaram a enterrá-la no jardim.

Eu cresci com gatos. Eram gatos vira-lata que apareciam em casa ou que eu encontrava na rua. Alguns acabavam sumindo depois de um tempo.Um deles encontramos envenado na porta de casa. Foi minha irmã quem o encontrou. É incrível que alguém possa ser capaz de tamanha crueldade.

Uma vez transportei um gato da minha universidade em São Bernardo até a minha casa no outro lado de São Paulo. Para isso tive que esconder o gato na minha bolsa num ônibus, no metrô e depois num outro ônibus. Esse gato me esperava num muro as tantas da noite para me saudar quando eu voltava da faculdade.

Quem não cresceu com bichos não consegue entender. Mas na verdade, ter bichos de estimação faz bem para a saúde. Eu já li um estudo que diz que animais de estimação ajudam a combater o estresse, a pressão alta, a solidão e a depressão. Para as crianças, os bichinhos são companheiros e as ajudam a desenvolver empatia e respeito pela vida (não só pela vida humana).

Meus filhos adoraram levar a cachorra do vizinho para passear e procurar largartinhos embaixo de pedras no jardim. Brincam dando nome aos bichinhos e antes de retorná-los onde acharam. Fazem carinho até em caranguejo de praia. Constroem habitats de areia e depois os colocam de volta no lugar. Os meus filhos têm uma relação super saudável com a natureza e apreciam tudo que há a sua volta. Para alguém que como eu tinha horror à lagartixa, só tenho a aprender com eles.

Tuesday, June 12, 2007

Um pouco de Céu e de Solidão

Estou sempre com a antena ligada e aprendo muito visitando outros blogs. Descobri a cantora Céu no blog da Andrea. Acabo de comprar o cd e estou ouvindo direto. Através do Forasteiro descobri o poeta uruguaio Mario Benedetti e esse poema belíssimo. Fica aqui o meu presentinho de Dia dos Namorados.



Sunday, June 10, 2007





Devaneios de final de semana

Hoje à tarde fui dar uma passeada no Live Oak Park Arts Fest que acontece todo ano aqui em Berkeley. Artistas locais e de estados vizinhos expoem seus trabalhos em pequenas barracas. Entre os trabalhos de arte expostos haviam pinturas, esculturas em metal, cerâmica, fotografia, artesanato, jóias de vidro, etc.

Uma das barracas estava vendendo fotos belíssimas e bem coloridas. Olhei o preço das fotos: duas por $180. É claro que custa caro imprimir fotos de alta qualidade. Mas eu não pude deixar de notar pelo background das fotos e pela aparência das pessoas que essas fotos foram tiradas na Guatemala, em vários países da América do Sul, África e Ásia. Fiquei pensando no quanto essas pessoas nas fotos devem ganhar por dia e como deve ser a vida delas. Também me passou pela cabeça por que será que esse fotógrafo só faz fotos de pessoas não-brancas em paises pobres (essa não foi a primeira vez que vi o trabalho dele). É como se agora a imagem do Outro tivesse virado moda e mais um objeto de consumo. É chic ser ethnic, ser Other, contanto que você se mantenha no seu devido lugar.

No ano que vem eu vou perguntar para o fotógrafo por que ele não fotografa também uma criança sorridente de algum subúrbio qualquer daqui. Mas imagino que esse tipo de imagem não venderia tão bem por não ser considerado "exótico.”

Fotos: Festival de Artes de Berkeley.


Saturday, June 09, 2007

Incognito - Still A Friend Of Mine

Leia mais sobre Incognito aqui.

Amizade

Hoje, que segundo o calendário já virou ontem porque já passa da meia noite, foi a festa de formatura de uma amiga que acaba de terminar seu doutorado. Nós nos conhecemos há quase 20 anos e juntas acompanhamos a trajetória de festas, casamentos, filhos e pós-graduação.

É muito bom ter amig@s. Aprecio todo tipo de amizade: rápidas, duradouras, virtuais que se tornam reais. Cada amigo acrescenta algo na vida da gente. Sinto-me como uma árvore frondosa, eu sou o tronco e as minhas amizades os galhos carregados de folhas e frutos.

Beautiful Day Hardage feat.Jocelyn Brown


Acabo de descobrir esse vídeo no youtube. A música me lembra de um sábado ensolarado, leve e bem humorado.


Bom fim de semana!

Thursday, June 07, 2007

Formatura

É incrível como o tempo passa rápido. Hoje foi a formatura do meu filho. Ele terminou a quinta série e começará a middle school (6, 7 e 8 séries) em setembro. Ele estava lindo de terno e gravata e eu me senti muito orgulhosa. A maioria das crianças desse grupo estavam juntas desde o pré-primário (kindergarten aqui). Eu passei a semana me sentindo super emotiva e com um nó na garganta. Há muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo numa velocidade vertiginosa. Finalmente, consegui chorar e hoje quando chegou o grande dia eu consegui falar sem me derreter durante a cerimônia.

Tínhamos que fazer um poster com fotos de nossos filhos e alguma coisa escrita. Eu geralmente consigo escrever alguma coisa rapidamente. Mas dessa vez, eu passei dias sem saber o que escrever. Letting go como eles dizem aqui, é muito difícil. Por um lado, eu me sinto empolgada pelo meu filho e pela vida que ele tem pela frente. Mas por outro, transições como essa marcam a passagem do tempo e a impossibilidade de permanência. Pouco à pouco os filhotes vão deixando o ninho para explorar o azul.


Eis o que acabei escrevendo para o poster:

Danilo,
My beautiful boy
Compassinate, strong
Smart, funny
Talented, creative
Loving, wise
You are my pride and joy

Danilo,
Your spirit shines through
Be kind to others
While being kind to yourself
Don't forget to laugh a lot
Laugh even at your own self
Because life is not as serious as it seems

We love you,
Congratulations!




Tuesday, June 05, 2007


Dia Mundial do Meio Ambiente

Think globally, act locally


É difícil pensar na questão do meio ambiente sem se sentir fatalista ou sobrecarregada pela imensidão do problema. É claro que tento fazer a minha parte o melhor que posso e já falei disso aqui e aqui.Mas o que realmente me inspira são pequenos avanços a nível local. Como já disse Yoko Ono “think globally, act locally”(pense globalmente, aja localmente). Gosto de apoiar iniciativas locais tanto quanto as globais porque o mundo está cada vez mais conectado. O que acontece numa esquina de Berkeley é um pontinho mais nesse mosaico azul.


Nesse último sábado, o Ecology Center (Centro Ecológico de Berkeley) celebrou o vigésimo ano do Farmer’s Market (Feira dos Fazendeiros) com música e atividades para toda a família.

Essas feiras ocorrem uma vez por semana em várias partes da cidade e são um pouco parecidas com as feiras de rua de São Paulo (que saudades). Infelizmente não tem pastél de feira, não tem gritaria das barracas anunciando o produto, não tem tanta variedade, não tem xepa nem lona colorida. Essas feiras daqui são bem menores, ocupando mais ou menos um quarteirão. Mas as frutas e verduras são frescas e em muitos casos orgânicas. As fazendas ficam perto, o que limita o consumo de gasolina durante o transporte. Além do mais, esse tipo de comércio apoia o agricultor local e as fazendas de pequeno porte.


Acho também interessante a proposta de energia solar. Recentemente eu fui assistir a uma peça de final de ano da escola do meu filho e acabei apredendo uma coisa inesperada. Ashby Theatre, o teatro onde a peça foi encenada, está levantando dinheiro para converter o teatro de eletricidade à energia solar. Esse será o primeiro teatro no país a utilizar energia solar. No momento, o teatro gasta $10 mil dólares por ano em conta de luz. A partir do momento que a iluminação do teatro começar a utilizar a energia solar, essa verba será redirecionada para outros projetos artísticos. Um projeto de energia sustentável como esse é bom também para as artes.

Leia aqui a minha a meme de atitudes eco-consciente. Esse post faz parte da blogagem coletiva iniciada pelo Lino.


De sonho e chão


Enquanto você sonha

Eu prefiro tocar o chão

Você é como cigana

Eu já cansei de caminhão

Mas eu também preciso de sonho

E você de encontrar seu chão

Essa menina magrela aí sou eu e essa coisinha fofa é a minha irmã. Sempre me senti responsável por ela, afinal a minha mãe deixou que eu escolhesse o seu nome. Eu escolhi seu nome, Rosana, porque eu conhecia uma adolescente super articulada e independente com o mesmo nome. Eu a queria forte e corajosa.

No entanto, eu sempre tentei protegê-la. Primeiro eu a protegia da molecada da vizinhança que não tinha a menor consideração com uma menina tão pequenininha. Depois tentei ensiná-la a se defender das meninas chatas da escola que faziam comentários maldosos, futricas de meninas. Mas tarde ainda, quando ela tinha uns doze anos, tive que espantar marmanjo tentando se engraçar. Mas eu acabei saindo do país quando ela era adolescente. Ela cresceu e teve filhos antes do que eu. Aí, finalmente, chegou a vez dela me ensinar.

Hoje eu gostaria de poder tomar um café com ela em um desses lugares pequenos, porém aconchegantes, em Curitiba.

Feliz Aniversário, Rosana! Que as estrelas do sul te guiem na direção certa.

Monday, June 04, 2007

Berkeley World Music Festival

Neste último final de semana a cidade de Berkeley celebrou o quarto World Music Festival (Festival de Música do Mundo). O evento gratuito contou com a participação de quase trinta bandas que se apresentaram em cafetarias, restaurantes, esquinas e até mesmo nas calçadas. Teve chorinho, música do norte da África, do Mali, do Zimbabwe, das Filipinas, do Oriente Médio, Cajun (típico de Nova Orleans), fado, gamelan (da Indonésia), celta/cigana (trance music), entre outras. Um homeless decidiu contribuir com a sua boombox, um rastaman trouxe um carrinho que tocava reggae acoplado à sua bicicleta e um trio com um guatemalteco tocando cajon se instalou na calçada. Mas o mais legal de tudo é que os artistas não precisaram pegar um avião para chegar até aqui porque eles moram em Berkeley ou nos arredores. Essa diversidade cultural é uma das coisas que eu mais valorizo na cidade onde moro.

As flores belíssimas do início do slide são da floricultura na esquina da Haste com a Telegraph. Quando eu trabalha num clube de jazz eu sempre passava por ali para comprar uma gardênia para colocar no cabelo. Na mesma esquina fica a Amoeba Records, onde costumo ir para comprar cds usados. A foto do bar e da máquina de fazer expresso foi tirada no Caffé Strada, o meu lugar favorito para um latté

Durante o jantar, a minha filha cansada das peripécias da mãe perguntou:

- Mom, are you going to be mad at me if I become mainstream when I grow up, if I don’t go around wearing big colorful pants, funny hats and round glasses?

(Mãe, você vai ficar brava se eu me tornar mainstream (normal) quando crescer, se eu não usar calças grandes coloridas, chapéus engraçados e óculos redondinhos?)

- Não filhinha, eu te amarei de qualquer jeito.

Mas por favor só não vire republicana, pensei eu.

Sunday, June 03, 2007


Pela esquina dos meus olhos

Tenho muitas idéias saltitando na minha cabeça e palavras querendo ser datilografadas. Mas, no momento, o que o meu corpo precisa é de uma cama. Portanto, meus querid@s, deixarei aqui uma das imagens que capturei hoje numa esquina de Berkeley.

Friday, June 01, 2007

June - Madita



Madita é uma cantora/compositora, natural de Viena, Aústria. Ela tem trabalhado com o grupo dZihan and Kamien. Seu novo cd Ceylon mescla elementos de jazz, eletrônica, downbeat e nujazz.

Bom final de semana!