Tuesday, October 31, 2006

Mês de Conscientização sobre Câncer de Mama

Árvore da vida

Árvore da vida

Carregada de cachos de leite

Sempre morno, sempre doce

Fonte de alimento

Para o corpo e para a alma

Podem ser pequenos

Delicados como pessêgos

Recatados, parecem esconder-se por detrás das blusas

Podem ser maiores

Robustos como meninas bem alimentadas

Ousados, tentam saltar para fora a cada oportunidade vã

Podem ser adulterados e até tatuados

Bico ereto, suplicante

Atrevido, insinuante

Saciando outras bocas famintas

Fonte de desejos

Que vem do corpo e da alma

Eles aquietam

Colo sereno

Eles inquietam

Lábios entreabertos

Obra de arte que desabrocha

Em total abandono

É nossa essa herança das deusas

Então ladies, cuidemos bem das nossas “meninas” com exame de toque, mamografia, exercícios e alimentação saudável.


As sem-razões do amor

Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

Parabéns, meu querido poeta. Obrigada Laura pela lembrança. Drummond sempre foi um dos meus poetas favoritos. Eu nem sabia que era o aniversário dele.

Meu amor

Meu amor

Desconhece

Espaço e tempo

Rasga horizontes

E inventa

Novos caminhos


Meu amor

Brilha único

Dentro de mim

Ninguém pode vê-lo

Nem decifrá-lo

Em seu silêncio

É minha jóia,

Meu segredo:

Amar o amor

Que sinto

Até mais que ao ser amado.

30 de dezembro, 85

Escrevi esse poema quando estava vivendo um grande amor.

Pumpkin Patch


A minha tradição favorita nos Estados Unidos é o Halloween. Eu adoro as abóboras imensas, as cores do outono, as pilhas de feno seco formando labirintos onde as crianças brincam de se perder.

No último sábado fomos à um pumpkin patch. Os pumpkin patch são lugares com atrações para as crianças. Alguns são organizadas por fazendas onde pode-se colher a abóbora no pé. Nas cidades qualquer estacionamento grande pode virar um pumpkin patch onde as crianças vão escolher as abóboras para transformá-las em Jack o’lantern na noite de Halloween.

O pumpkin patch que visitamos ficava num pequeno bosque de eucaliptos no meio de uma paisagem deserta e amarelada cheio de moinhos modernos que utilizam o vento para gerar eletricidade. O pumpkin patch faz parte do Western Railway Museum. Esse é um museu de “história viva” com bondes e vagões de trem que circulavam pela Califórnia há 100 anos. Para chegar até o bosque viajamos em um trem antigo por uns quinze minutos. As atrações incluíam música, cuja percussão utilizava bonecos e animais de madeira, geléia caseira, balanço de corda, animais de fazenda para as crianças acariciarem, um castelo de feno, e é claro, abóboras.

Sunday, October 29, 2006

Poema

Jorge Drexler

Recentemente descobri esse cantor uruguaio. Ainda não conheço bem o seu trabalho, mas gosto muito desse poema. A canção está incompleta nesse vídeo. Para ouví-la inteira e conhecer mais sobre o trabalho de Jorge Drexler visite o seu sítio www.jorgedrexler.com.

Bom domingo.

Guitarra Y Vos

Jorge Drexler

Composição: Jorge Drexler

Que viva la ciencia,

Que viva la poesia!

Que viva siento mi lengua

Cuando tu lengua está sobre la lengua mía!

El agua esta en el barro,

El barro en el ladrillo,

El ladrillo está en la pared

Y en la pared tu fotografia.

Es cierto que no hay arte sin emoción,

Y que no hay precisión sin artesania.

Como tampoco hay guitarras sin tecnología.

Tecnología del nylon para las primas,

Tecnología del metal para el clavijero.

La prensa, la gubia y el barniz:

Las herramientas de un carpintero.

El cantautor y su computadora,

El pastor y su afeitadora,

El despertador que ya está anunciando la aurora,

Y en el telescopio se demora la última estrella.

La maquina la hace el hombre...

Y es lo que el hombre hace con ella.

El arado, la rueda, el molino,

La mesa en que apoyo el vaso de vino,

Las curvas de la montaña rusa,

La semicorchea y hasta la semifusa,

El té, los ordenadores y los espejos,

Los lentes para ver de cerca y de lejos,

La cucha del perro, la mantequilla,

La yerba, el mate y la bombilla.

Estás conmigo,

Estamos cantando a la sombra de nuestra parra.

Una canción que dice que uno sólo conserva lo que no amarra.

Y sin tenerte, te tengo a vos y tengo a mi guitarra.

Hay tantas cosas

Yo sólo preciso dos:

Mi guitarra y vos

Mi guitarra y vos.

Hay cines,

Hay trenes,

Hay cacerolas,

Hay fórmulas hasta para describir la espiral de una caracola,

Hay más: hay tráfico,

Créditos,

Cláusulas,

Salas vip,

Hay cápsulas hipnóticas y tomografias computarizadas,

Hay condiciones para la constitución de una sociedad limitada,

Hay biberones y hay obúses,

Hay tabúes,

Hay besos,

Hay hambre y hay sobrepeso,

Hay curas de sueño y tisanas,

Hay drogas de diseño y perros adictos a las drogas en las aduanas.

Hay manos capaces de fabricar herramientas

Con las que se hacen máquinas para hacer ordenadores

Que a su vez diseñan máquinas que hacen herramientas

Para que las use la mano.

Hay escritas infinitas palabras:

Zen, gol, bang, rap, Dios, fin...

Hay tantas cosas

Yo sólo preciso dos:

Mi guitarra y vos

Mi guitarra y vos.

Thursday, October 26, 2006


Sonho Possível

O Léo começou um projeto chamado “Sonho Possível” no qual ele pede para as pessoas escreverem sobre seus sonhos realizáveis. Léo convidou a Cynthia, que por sua vez me convidou. Sinto-me honrada!

Bom, eu sempre tive a cabeça povoada de sonhos. Ainda tenho. Quando estava na quinta séria sonhava em ser jornalista. Acabei fazendo faculdade de jornalismo, mesmo trabalhando período integral durante o dia e enfrentando três horas ida e volta entre metrô e ônibus. Quando estava na faculdade cismei de querer conhecer o nordeste. Como não tinha dinheiro, botei o pé na estrada e fui na boléia de caminhão. Vi lugares e conheci pessoas inesquecíveis. Terminei a faculdade e decidi cair fora do Brasil. Ao invés da Europa acabei por aqui, mas eventualmente a Europa veio até mim na forma do meu marido. Sempre quiz visitar Paris e fui, ainda que da última vez estava grávida de cinco meses e tive de encarar uma das famosas greves de trem, quando tudo pára. Sonhei em ter uma família saudável com um parceiro dedicado. Hoje em dia são eles que me inspiram a continuar sonhando.

Sonhos cotidianos: poder comprar uma casa (sonho de imigrante), poder mander os filhos para a universidade, poder ganhar bem fazendo um trabalho que me dê prazer e que de alguma forma vá contribuir para a sociedade e publicar um livro sobre experiências de imigrantes.

O meu sonho possível, ainda que a longo prazo, é viajar muito mais e fotografar tudo que eu achar interessante. O Senegal e a Índia são dois dos lugares que eu gostaria de visitar. Eu adoro a música e dança do Senegal e quero especialmente visitar a Ilha de Gorée, o último lugar por onde os escravos passavam antes de embarcar nos navios negreiros. Na Índia gostaria de visitar Goa, onde ainda se fala português. Eu também acho a cultura fascinante e adoro a comida. Falando em viagem, eu também gostaria de ir para a Islândia, aTailândia, a Turquia, a Tunísia e por aí vai.

Gostaria de convidar a Sofia, a Anita, a Elizabeth e a Ana para compartilharem seus sonhos.

Monday, October 23, 2006


Old Bale Mill - Moinho Velho de Calistoga

O moinho Bale foi construído em 1846 e hoje faz parte do Parque Histórico Estadual Bale Grist. É nesse moinho que os primeiros habitantes europeus da área de Napa Valley traziam o trigo e o milho para serem transformados em farinha. Hoje em dia o visitante pode fazer um tour do moinho e ver como esse funciona nos finais de semana. Durante esse sábado e domingo houve atividades para as crianças. Pessoas vestidas em trajes da época mostraram às crianças como se fazia manteiga, como se fazia uma corta, como separar o trigo, os “hábitos higiênicos” de antigamente (a família inteira tinha que compartilhar uma escova de dentes), como era o trabalho do ferreiro e como as crianças faziam bonecas com as palhas secas do milho. O lugar é muito bem preservado e área por perto é simplesmente linda. Nessa época de outono os vinhedos estão cheios de tons de amarelo e vermelho e por toda a parte sente-se o cheiro embriagante de uvas fermentadas. Realmente, uma delícia para os olhos.

Wednesday, October 18, 2006

Jean-Luc Ponty - Individual Choice

Link

Life is moving through me
Light speed
Ever changing
Blink
Be link

Heart beat
Pulsar digital
Digital pulse
Maintenant içi
Here now
Gleich weg
Soon gone
Hay que mirar adentro
Look inside
Now

Tuesday, October 17, 2006




Alles Gute zum Geburtstag, Magdalene!!!
Ein Geschenk für dich.


Anoitece e a Golden Gate te saluda

Um banquete para os meus olhos famintos

Uma lembrança para os seus olhos viajados


Monday, October 16, 2006



Calistoga

A cidade de Calistoga foi fundada em 1852 pelo milionário Sam Brannan. A cidade fica à uma hora e meia de distância de Berkeley e San Francisco e é famosa pelos seus vinhedos, banhos de lama medicinal, piscinas de água mineral quente, spas e restaurantes. Alguns quilômetros ao norte fica o Old Faithful Geyser que jorra jatos de água fervente que chegam a 18 metros de altura. O Old Faithful é um dos três geysers no mundo que ejetam água em um intervalos regulares (de quarenta em quarenta minutos). Dos outros dois geysers um fica no Yellowstone National Park no estado de Wyoming e o outro na Nova Zelândia. A floresta de sequoias petrificadas há três milhões de anos fica à menos de meia hora dali. É impressionante os pedaços de tronco espalhados pela floresta parecem madeira mas são acinzentados e gelados como pedras.

Sunday, October 15, 2006


Ardenwood Historic Farms

Hoje foi o festival da colheita na fazenda histórica de Ardenwood. As crianças puderam colher milho de pipoca e depois brincar nos campos cobertos de abobóra em preparação para o Halloween. A fazenda pertencia a George Washington Patterson que veio para a Califórnia em 1849 e se tornou um fazendeiro rico na época da corrida do ouro. A fazenda dele proporcionava os alimentos para o grande número de pessoas que veio para o oeste em busca de ouro. Na fazenda, que é agora um parque estadual, as crianças podem ver animais, um ferreiro trabalhando e andar em um trem aberto. A casa onde a família morava virou um museu. Há pessoas vestidas com trajes da época explicando a história do lugar e como as pessoas viviam antigamente. Entre outras coisas vimos uma senhora fazendo renda à mão, um senhor preparando biscoitos na cozinha e em um dos quartos havia brinquedos antigos que perteceram às crianças da casa.


Friday, October 13, 2006



Iraque

Li no Independent, no New York Times e no Democracy Now que o número de mortos no Iraque está na casa dos 655 mil. Fica cada vez mais difícil levar a minha vidinha enquanto isso está acontecendo do outro lado do mundo.

Cognitive dissonance

The world is going to hell in a basket.

“Aber alles in Ordnung hier,”

Says my German friend,

But here everything is ok,

He says in appreciation of our quiet neighborhood

The woman living next door to me

Tells me about the “cognitive dissonance”

“Cognitive dissonance” she experiences

Driving through these beautiful streets

While listening to the war reports on the radio

I too feel the same dissonance

Life is filled with parallel realities

Separated by no more than a thin membrane

Horror is the other face of beauty

If we stay still and look inside

We will see beyond six degrees

The chain is nothing but a thread

What makes me human is the

Humanity I see reflected in you


Dissonância cognitiva

O mundo está indo para o inferno numa cesta.

Aber alles in Ordnung hier,”

Diz meu amigo alemão.

Mas tudo vai bem por aqui,

Ele diz se referindo ao nosso bairro que é tão tranquilo.

A minha vizinha do lado fala sobre a “dissonância cognitiva.”

Dissonância cognitive que ela sente

Dirigindo por essas ruas lindas

Enquanto ouvindo as reportagens sobre a guerra no rádio

Eu também sinto essa dissonância

A vida é cheia de realidades paralelas

Separadas por uma membrana fina

O horror é a outra face da beleza

Se pararmos e olharmos para dentro

Poderemos ver além dos seis graus (de separação)

Seis graus

A corrente nada mais é que uma linha

O que me torna humana

É a humanidade que eu vejo refletida em você

Thursday, October 12, 2006


Será que adoção está virando moda?

Madonna acaba de adotar um menino de um ano no Malawi, um dos países mais pobres do mundo. A mãe do menino morreu de complicações após o parto e o pai, sem condições de criá-lo sozinho, o entregou a um orfanato. Embora eu apoie qualquer tipo de adoção incluíndo a internacional, o fato desse menino ter um pai vivo que só não tem condições de criá-lo por causa da miséria existente em seu país me incomoda profundamente. Aparentemente, esse menino foi o escolhido entre doze meninos que já tinham sido previamente escolhidos a dedo em vários orfanatos. Inicialmente, ela queria uma menina, mas mudou de idéia. É como se ela tivesse ido à loja de animais para escolher um cachorrinho. Eu me pergunto por que Madonna não decidiu ajudar o pai financeiramente ao invés de remover o menino de sua família, seu país e sua cultura?

Foto: Washington Post

Thursday, October 05, 2006

Sara Tavares


Sara Tavares

Descobri essa cantora através da minha amiga Cris. Tenho ouvido muito esse cd nos últimos dias. O nome do cd é Balancê e foi lançado no ano passado. Sara Tavares é portuguesa e caboverdiana, tem uma voz linda e um sotaque super charmoso. Eu também gosto muito desse vídeo porque mostra pessoas de idade e “tamanhos” diferentes se divertindo. É simples e belo.

Bom final de semana!

Tuesday, October 03, 2006


Fogo na roupa

Na quinta-feira passada recebi um e-mail convocando todos os dançarinos e músicos da Bay Area para dançar e tocar em homenagem ao espírito de Carlos Aceituno. Carlos veio da Guatemala quando tinha 13 anos, mas era também brasileiro de coração. Ele era um líder de bateria fabuloso, um bailarino exímio, mestre de capoeira e líder comunitário. Ele fundou um grupo chamado Fogo na Roupa em 1989 que ganhou vários prêmios nos carnavais de rua de San Francisco. Mas isso nunca lhe subiu à cabeça. Eu dancei no grupo dele de 1989 à 1995. Ele só tinha 45 anos e morreu de um ataque cardíaco na manhã da quarta-feira.

Eu nunca gostei de Carnaval quando morava no Brasil. Eu não gostava da confusão e das baixarias que acabavam rolando. Mas aqui era diferente. A primeira vez que participei do Carnaval de rua aqui em 1986 (que na verdade acontece no final de maio), eu era a única brasileira no meio de um grupo de salvadorenhos, venezuelanos, nicaraguenses, guatemaltecos, mexicanos, americanos e tantos outros. Eu achei comovente o carinho que as pessoas tinham em relação à cultura brasileira. A grande maioria dessas pessoas nunca havia estado no Brasil e consequentemente tinham uma visão ingênua do Brasil. Mas exatamente por isso, os carnavais daqui (principalmente os primeiros) me lembravam os carnavais de outrora no Brasil.

A celebração para o meu amigo, nesse último domingo, foi uma das coisas mais impressionantes que eu já vi. Foi num salão enorme que faz parte de um teatro num centro cultural onde ele dava aulas. O lugar estava repleto de pessoas dançando com uma bateria tocando sem parar. O som da bateria dava para ouvir de longe. Por causa do eco tinha-se a impressão que havia mais de uma bateria tocando no bairro. Era como se o downtown (centro) Oakland inteiro estivesse tocando para ele. Havia gente de toda parte, inclusive do Brasil. Eu me senti muito brasileira e africana. Eu achei linda a idéia de honrá-lo com tambores e dança.

Embaixo havia um altar em homenagem a ele como se faz na tradição dos finados no México, um altar de Dia de Los Muertos. No altar havia fotos, oferendas de todo tipo, guia de Iemanjá, búzios, fitinhas do Bonfim, coisas da Guatemala e da África. O altar era no formato de uma pirâmide guatemalteca.

Eu me encontrei com pessoas que eu não via há muito tempo e dancei de corpo e alma. Dancei até meu suor se confundir com as minhas lágrimas.

Carlos Aceituno, may you dance in peace.